O alto-representante da União Europeia para a Política Externa considerou que a falta de acordo para a realização de eleições na Somália é “extremamente grave”, pedindo mais esforços para a realização célere do escrutínio. “Todas as partes devem mostrar liderança, colocar os interesses da população no centro e abster-se de declarações ou ações que possam incitar a violência”, afirmou Josep Borrell num comunicado citado pela agência noticiosa Efe.

As negociações entre o governo central e os estados da Somália colapsaram no domingo sem que tenha sido atingido um acordo sobre o processo eleitoral, horas depois de o mandato do Presidente, Mohamed Abdullahi Farmaajo, ter terminado à meia-noite desse dia.

“A falta de acordo para realização de eleições na Somália é extremamente grave e não é do interesse dos cidadãos da Somália. É crucial que todas as partes continuem a empenhar-se construtivamente para chegar alcançarem um acordo sobre a implementação do processo eleitoral nacional”, acrescentou Borrell.

O líder da diplomacia europeia apelou aos líderes políticos para continuarem os esforços para a implementação do acordo de 17 de setembro, alcançado entre Farmaajo e os cinco líderes regionais sobre o modelo para as eleições presidenciais e legislativas.

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O país manteve um sistema indireto, baseado em clãs, apesar da promessa do Presidente em realizar as primeiras eleições com sufrágio universal desde 1969. Josep Borrell salientou que “qualquer processo paralelo ou parcial ou uma extensão do atual mandato das instituições que não seja de natureza técnica seria considerado um grave passo atrás”.

O diplomata espanhol sublinhou que a atual situação política está a prejudicar a confiança da União Europeia no progresso da Somália e instou o Presidente e os líderes dos estados a “resolverem o bloqueio político que ameaça o futuro da Somália e a realizarem eleições o mais rapidamente possível”.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas irá realizar na terça-feira uma reunião à porta fechada sobre a situação política na Somália, segundo fontes diplomáticas citadas pela agência France-Presse (AFP). A reunião foi solicitada pelo Reino Unido, atual presidente do Conselho de Segurança, segundo as mesmas fontes.

No seu programa mensal, Londres tinha agendado uma sessão pública do Conselho de Segurança sobre a Somália para 22 de fevereiro, antes da renovação da missão da União Africana no país, a Amisom, cujo mandato expira em 28 de fevereiro.

Para a ONU, “ainda há espaço para os líderes somali se reunirem e encontrarem uma solução política que preserve as instituições”, defendeu o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, na reunião diária. “Acreditamos que um diálogo entre todas as partes envolvidas é essencial para se ter um acordo claro e amplo sobre o caminho a seguir”, acrescentou.

Desde 1991 que a Somália vive num estado de guerra e caos, depois do autocrata Mohamed Siad Barre ter sido deposto, deixando o país sem governo e nas mãos de milícias islâmicas e de senhores da guerra.