A direção do CDS, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu esta quarta-feira à indisponibilidade de Assunção Cristas em ser candidata a Lisboa, dizendo que tomou conhecimento desta decisão “através de uma rede social“. Ficou dada a primeira indireta: a ex-líder não comunicou primeiro à direção do partido.

O comunicado assinado pela porta-voz Cecília Anacoreta Correia deixa ainda outras indiretas à antiga líder, ao dizer que a direção respeita a “legítima opção de Assunção Cristas querer dedicar-se apenas à sua vida familiar e profissional”, mas que vai continuar a trabalhar numa candidatura a Lisboa com os “milhares de militantes disponíveis para dar a cara pelo CDS”. Ou seja, uma segunda indireta: prefere a vida familiar enquanto outros continuam a dar a cara. Esta acusação é, aliás, feita com frequência a Adolfo Mesquita Nunes por ter saído da direção do CDS quando se tornou administrador  não-executivo da Galp.

A direção agradece até a Assunção Cristas pelo “seu papel no passado autárquico do partido“, mas esse é um elogio circunscrito ao resultado em Lisboa (ignorando, por omissão, o resultado nas legislativas de 2019). O comunicado parece ainda evidenciar que, com Cristas, o CDS nunca seria vencedor e podia almejar, no máximo, um segundo lugar, como aconteceu há quatro anos. Mas a prioridade dos centristas não é o segundo lugar, é afastar Fernando Medina. Daí que o comunicado diga que o CDS quer construir um “projeto ganhador que dê aos lisboetas uma verdadeira alternativa ao socialismo.” Para isso, é preciso o PSD e, como o Observador escreveu na terça-feira, o CDS não vê com maus olhos a hipótese Ricardo Batista Leite numa coligação de direita na capital.

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A direção sugere ainda no comunicado que não se deixa pressionar pela anterior líder, a direção do CDS diz que está a trabalhar nessa alternativa “nos órgãos e no calendário próprios.” O CDS define ainda, no mesmo comunicado, as três ideias-chave para as autárquicas: “Crescimento da implantação autárquica do CDS; derrota do PS nas próximas eleições autárquicas; criação de condições favoráveis a uma maioria de centro direita nas eleições legislativas de 2023.”

Cristas exclui candidatura a Lisboa. E culpa “discurso contraditório da direção do CDS”

Assunção Cristas anunciou esta quarta-feira que não estaria disponível para ser candidata à câmara de Lisboa e apontou o dedo à atual direção, quando apontou as “três razões essenciais” que pesaram na decisão: “A discordância da estratégia do CDS na negociação de uma coligação alargada com o PSD; o discurso contraditório da direção do CDS, que me considera simultaneamente responsável pela degradação do partido no último ano e uma boa candidata a Lisboa, somado ao parco interesse em falar comigo, num tempo e numa forma que fica aquém do que a cortesia institucional estima como apropriado; os desafios profissionais que tenho pela frente”.