Numa altura em que se admite a hipótese de o confinamento geral durar até início de abril, os números da pandemia continuam a responder bem às restrições impostas desde janeiro. Esta quinta-feira, o boletim diário da Direção-Geral de Saúde sobre a pandemia mostra que houve 3.480 novos casos (a melhor quinta-feira em dois meses), mais 167 mortes (número elevado, mas longe do pico atingido há duas semanas), 5.570 pessoas internadas (valor mais baixo desde 20 de janeiro), das quais 836 em cuidados intensivos (número que ainda pressiona o SNS, mas que é o menos negativo desde 29 de janeiro).
Tanto nos internamentos, como nos cuidados intensivos (UCI), este é o terceiro dia consecutivo de descida. No caso dos doentes graves em UCI será mesmo preciso recuar até ao período entre 27 a 29 de dezembro, antes desta terceira vaga, para encontrar três dias a descer continuadamente (nessa altura, de 513 para 486 doentes).
O número total de internamentos (incluindo cuidados intensivos) regista uma queda substancial de 1.299 doentes em 10 dias — ou seja, menos 18,9% desde 1 de fevereiro, o dia em que o SNS mais doentes teve ao mesmo tempo para tratamento da Covid-19.
Se o foco estiver apenas nos cuidados intensivos, a redução face ao valor máximo é menos expressiva, mas ainda assim um sinal de alívio para o sistema de saúde — menos 68 doentes graves (-7,5%) face ao máximo de 904 casos registado a 5 de fevereiro. Se a comparação for feita com o primeiro dia do mês, a redução não ultrapassa os 3,4%.
No boletim desta quinta-feira, a DGS registou 3.480 novos casos de contágio por Covid-19 em Portugal, quase metade face ao mesmo dia da última semana (7.914) e muito distante já dos números de há duas semanas — a 28 de janeiro, verificava-se o valor máximo de toda a pandemia, com 16.432 novas infeções.
Na verdade, é preciso recuar a 10 de dezembro para encontrar uma quinta-feira com tão poucos casos (3.134). Desde então os boletins da DGS à quinta-feira trouxeram notícia de 4.320 novos casos a 17 de dezembro; 4.378 na noite de natal; 7.627 no último dia do ano; 9.927 na primeira quinta-feira de 2021; 10.698 no dia 14 de janeiro; 13.554 no dia 21; 16.432 casos há duas semanas, um valor máximo de toda a pandemia; 7.914 na semana passada; e 3.480 esta quinta-feira.
Este último valor, depois dos 4.849 do dia anterior, deixa Portugal um pouco mais perto de uma das metas definidas por João Gouveia, coordenador do Grupo de Resposta em Medicina Intensiva, para conseguir ter a pandemia sob controlo — “menos de 3 mil casos às quartas e quintas-feiras, duas ou três semanas de seguida”. Há ainda que conseguir um “RT [índice de transmissibilidade] inferior a 0,7 e menos de 270 doentes internados em medicina intensiva“, de acordo com João Gouveia.
A região de Lisboa e Vale do Tejo, que abrange também parte dos distritos de Setúbal, Santarém e Leiria, volta a acumular a maior fatia dos casos diários confirmados de Covid-19. Esta quinta-feira, foram identificadas 1.846 infeções, ou seja, mais de metade (53%) do total do país. Desde que começou a pandemia, a região conta com 291.917 casos.
Segue-se o Norte, com 709 novos casos esta quinta-feira (20,3% do total) — que, desde março, acumula 319.836 casos positivos; o Centro, com mais 518 novos casos; a Madeira (152); o Algarve (148); o Alentejo (101); e os Açores (com apenas 6 novas infeções).
Desde o início da pandemia, mais de 778 mil pessoas foram infetadas em Portugal com o novo coronavírus.
A contrariar a tendência das infeções e dos internamentos, o número de óbitos sobe esta quinta-feira face ao dia anterior (mais 6 mortes), segundo o boletim diário da DGS. É, em todo o caso, apenas a terceira vez que fica abaixo dos 200 óbitos desde que superou esta barreira a 19 de janeiro.
E face ao pico de mortes diárias (303), a 28 de janeiro, há menos 136 vítimas esta quinta-feira. Nestas duas semanas, no entanto, morreram 3.580 pessoas, a uma média de 239 por dia.
Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo teve 86 mortes esta quinta-feira (num total de 6.068 desde março), seguido de Norte, com 39 mortes — 4.956 desde o início da pandemia; Centro (22), Alentejo (11), Algarve (6) e Madeira (3). Os Açores não tiveram qualquer morte com Covid-19 esta quinta-feira.
Entre os óbitos encontram-se dois homens e uma mulher na faixa etária entre os 40 e os 49 anos; houve ainda mais seis homens a morrer com idades entre 50 e 59 anos; 17 mortes entre os 60 e os 69 anos; 41 mortes entre os 70 e os 79; mas é na faixa etária acima dos 80 anos que continua a haver, de longe, o maior número de mortes — 50 mulheres e 50 homens no último dia. No total, desde que Portugal registou a primeira vítima, houve 14.885 óbitos com Covid-19.
Esta quinta-feira houve ainda mais 8.263 pessoas recuperadas, num total de 645.122 desde o início da pandemia.