Darwin demorou a convencer. Estava no Almería da segunda liga espanhola, chegou no início de setembro a troco de 24 milhões de euros, tornou-se a contratação mais cara da história do Benfica mas demorou a marcar. Só fez o primeiro golo no final de outubro, com um hat-trick na Liga Europa contra o Lech Poznan, e na mesma semana estreou-se a marcar na Primeira Liga, contra o Belenenses SAD. Passou ao lado do surto de Covid-19 porque já tinha estado infetado, depois de estar ao serviço da seleção uruguaia, e tem sido uma peça fulcral no onze inicial de Jorge Jesus.

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Certo é que, a meio da primeira temporada no Benfica, o avançado de 21 anos já é o melhor marcador isolado da equipa. Com os dois golos apontados esta quinta-feira ao Estoril, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, Darwin chegou aos 12 golos em todas as competições, ultrapassando os registos de Pizzi e Seferovic. Ainda assim, a veia goleadora do uruguaio não deixa de ser curiosa: o jogador tem apenas quatro golos na Primeira Liga e já leva o dobro, oito, nas restantes competições, entre Taça de Portugal e Liga Europa.

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Na flash interview, depois de ter marcado duas vezes pela segunda vez esta temporada, Darwin defendeu que o arranque do Benfica foi “muito bom”. “Tentámos sempre circular a bola de um lado para o outro, quando o Estoril estava mais fechado, e penso que nessas circunstâncias estivemos muito bem. Temos de estar mais finos da hora de fazer o golo. O importante não é fazer golos lindos, depois acabamos a falhar. E depois o Estoril fez o golo e sofremos muito mais. Estou muito contente pelo trabalho da equipa. Depois do primeiro golo que fizemos, voltámos no segundo tempo com a mesma dinâmica”, explicou o jovem avançado, que em seguida lembrou que o Benfica foi muito afetado pelo surto de Covid-19. “O vírus afetou-nos muito. Uns ficaram infetados, depois recuperavam e iam muitos outros. Isso afetou-nos. Mas agora estamos todos juntos de novo. Vamos fazer melhor nos treinos e nos jogos, que é o mais importante”, atirou.

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“Temos de estar focados no nosso trabalho e não olhar às críticas de ninguém. Nós é que jogamos e necessitamos do apoio dos adeptos. Num momento em que estamos pior, é muito importante o apoio dos adeptos. E acredito que ainda nos vão ajudar muito”, concluiu Darwin, comentando também as críticas menos positivas que recebeu na sequência da derrota no dérbi com o Sporting e que o levaram a suspender as redes sociais, tal como fez Everton.

O Benfica alcançou a segunda vitória consecutiva, algo que não conseguia há um mês, e colocou pé e meio na final da Taça de Portugal. Também na flash, Jorge Jesus sublinhou que era “importante fazer golos e ganhar”. “Saio satisfeito pelo resultado e sobretudo pelos primeiros 45 minutos. Tivemos ocasiões mas às vezes, por jogarmos bem demais, acabamos por não marcar golos. A equipa do Estoril foi uma vez à nossa baliza na primeira parte e fez um golo. Nós não estamos com aquela sorte do jogo, senão tínhamos ido para o intervalo a ganhar por 3-0, 4-0. O Estoril joga como equipa de Primeira Liga, não é o líder da Segunda mas já foi”, começou por dizer o treinador, acrescentando que os encarnados caíram ligeiramente de rendimento na segunda parte.

“Não jogámos tão bem quanto na primeira parte. Fizemos dois golos e podíamos ter feito mais. O futebol é isto. O futebol não tem lógica nenhuma”, explicou, justificando sem seguida as alterações que fez ao onze inicial. “Temos de ter oscilações e é por isso que mudámos hoje em relação ao último jogo com o Famalicão. Agora a equipa treina. Durante dois meses não treinámos, perdemos intensidade. E como melhoramos a competitividade? Mudamos cinco jogadores, é como se fosse uma pré-época. Tivemos dois jogadores que saíram da Covid-19 há pouco tempo [Diogo Gonçalves e Everton]. Andamos a mudar o pneu com o carro a andar mas vamos lá. Vamos melhorar”, disse o técnico, recordando depois que a Taça de Portugal é a “segunda mais importante na calendarização nacional” e que o Benfica quer ganhar a competição.