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Jesus bem quer poupar. Mas acaba sempre a aprender que o barato pode sair caro (a crónica do Estoril-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Jesus quis poupar titulares mas percebeu que não tem essa margem: no fim, teve de lançar Seferovic, Taarabt e Weigl para assegurar a vitória. Darwin bisou e Benfica tem pé e meio na final da Taça.

O avançado suíço entrou na segunda parte e marcou o golo que deu a volta ao resultado
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O avançado suíço entrou na segunda parte e marcou o golo que deu a volta ao resultado

EPA

O avançado suíço entrou na segunda parte e marcou o golo que deu a volta ao resultado

EPA

Jorge Jesus voltou ao banco do Benfica na segunda-feira, quando os encarnados também voltaram às vitórias e derrotaram o Famalicão na Luz. O jogo, que correu melhor na primeira parte do que na segunda, acabou por coroar da melhor forma o regresso do treinador, que reencontrou os jogadores e aproveitou o resultado positivo para fazer um franco balanço das últimas semanas do Benfica. Semanas marcadas por um surto de Covid-19 que afastou jogadores e equipa técnica e que afetou principalmente Jesus, que viu o contágio agravar-se para uma infeção pulmonar.

Volvida, pelo menos à partida, uma fase muito complicada da temporada que deixou o Benfica a 11 pontos do líder Sporting, no quarto lugar da Primeira Liga e longe da conquista da Taça da Liga, o Benfica começou um mês de fevereiro que poderá ser crucial para os objetivos que os encarnados ainda têm: um mês que inclui a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, os 16 avos de final da Liga Europa e duas deslocações para o Campeonato, a Moreira de Cónegos e Faro. E Jorge Jesus, embora sublinhando sempre que a prioridade da equipa é a Liga, não esconde que as restantes competições adquiriram um valor substancial face à situação complexa na classificação.

Ficha de jogo

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Estoril-Benfica, 1-3

Primeira mão da meia-final da Taça de Portugal

Estádio António Coimbra da Mota, em Cascais

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Estoril: Thiago Silva, Carles Sória, Hugo Basto, Hugo Gomes, Joãozinho, Rosier (Lazare, 62′), Miguel Crespo, Zé Valente (João Gamboa, 52′), Murilo (Bruno Lourenço, 52′), André Vidigal (Pedro Empis, 77′), Clóvis (João Carlos, 52′)

Suplentes não utilizados: Daniel Figueira, André Franco

Treinador: Bruno Pinheiro

Benfica: Helton Leite, Diogo Gonçalves (Gilberto, 72′), Vertonghen, Otamendi, Grimaldo, Pedrinho (Seferovic, 58′), Gabriel (Taarabt, 58′), Pizzi (Weigl, 58′), Everton, Darwin (Cervi, 81′), Rafa

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Lucas Veríssimo

Treinador: Jorge Jesus

Golos: André Vidigal (23′), Darwin (44′ e 77′), Seferovic (68′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diogo Gonçalves (8′), a Clóvis (12′), a Hugo Gomes (64′), a Otamendi (74′), a Taarabt (81′)

“O principal objetivo é e sempre foi o Campeonato. O segundo? Há vários, mas a nível nacional é a Taça de Portugal. Temos ainda uma palavra a dizer na Liga Europa. No Campeonato, começou a segunda volta, sabemos que temos muitos pontos de atraso. Mas também sabemos que, no futebol, tudo pode mudar. E não só do ponto de vista dos resultados… O que aconteceu ao Benfica [surto de Covid-19] a pode acontecer a outra equipa qualquer. Estamos preparados para o desafio jogo a jogo mas acreditando que ainda temos uma palavra a dizer”, disse o treinador encarnado, que reagiu ainda às declarações recentes de Rui Costa, que pediu uma “resposta” ao mau momento na antecâmara do jogo com o V. Guimarães, que acabou empatado.

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“É verdade o que ele diz. Temos todos de assumir as responsabilidades daquilo que, durante esse mês, fizemos. Perdemos 11 pontos… A Covid-19 não explica tudo, é verdade, há coisas que fizemos que não tiveram a ver com a pandemia. Mas foi a responsável número 1 por tirar os jogadores daquilo que é o seu valor individual. Depois, coletivamente, a equipa não teve essa capacidade durante 90 minutos. Todos vamos ter de assumir responsabilidades (…) Temos de falar muito menos e jogar mais. Mas, para jogar mais, temos de ter condições para o fazer. Tenho todos os jogadores para tomar decisões, para lançar quem está melhor e contactar com eles. Durante um mês e tal isso não aconteceu, e vejam quantos pontos o Benfica perdeu nesse período, foram os tais 11 pontos. O Rui tem razão. Não foi só a Covid-19. Esse foi o principal motivo mas houve coisas que fizemos que temos de assumir e não voltar a fazer. Sabemos que tínhamos de fazer melhor do que fizemos até aqui, mas também sabemos por que motivo não conseguimos fazer melhor. Eu é que sou o treinador, e não podia trabalhar porque estive três semanas em casa. Eu e a minha equipa técnica. Quem quiser fugir à realidade, pode dizer o que quiser”, adiantou Jesus, na antevisão da visita desta quinta-feira ao Estoril, na tal primeira mão da meia-final da Taça de Portugal.

Depois da polémica primeira meia-final, em que Sp. Braga e FC Porto empataram na Pedreira num jogo em que os dragões acabaram com apenas nove elementos, o Benfica deslocava-se ao Estádio António Coimbra da Mota para defrontar a equipa que tem sido a autêntica “tomba-gigantes” desta edição da Taça. Atualmente no segundo lugar da Segunda Liga, atrás da Académica, o Estoril eliminou três clubes da Primeira para chegar às meias-finais — Boavista, Rio Ave e Marítimo — e surgia nesta fase adiantada da competição com a ideia de que bastava superar mais dois jogos para chegar à final.

Com Rafa de regresso depois da lesão sofrida contra o Sporting, Jorge Jesus também convocava Lucas Veríssimo pela primeira vez, o central brasileiro que chegou do Santos esta semana. Ainda sem os lesionados André Almeida, Jardel e Waldschmidt, o treinador encarnado voltava a colocar Rafa nas opções iniciais e dava a titularidade ao guarda-redes Helton Leite, ao lateral Diogo Gonçalves e aos médios Gabriel e Pedrinho. Gilberto, Weigl, Taarabt e Cervi começavam no banco, assim como Seferovic. O Benfica começou melhor, com mais intensidade e velocidade, e não permitia grandes espaços ao Estoril devido à rápida reação à perda de bola que os elementos da primeira linha de construção apresentavam.

Os primeiros instantes da partida mostraram desde logo que seria Pedrinho o homem mais próximo de Darwin — ainda que Rafa, descaído na direita, trocasse muitas vezes de posição com o brasileiro e conseguisse aparecer em zonas de finalização. A combinação entre os dois jogadores, aliás, foi o que de melhor o Benfica teve durante a primeira parte. Apesar de Darwin ter sido o primeiro a aproximar-se da baliza contrária (6′) e de André Vidigal ter feito o primeiro remate da partida para defesa de Helton Leite (10′), foi o internacional português a desequilibrar por completo no meio-campo adversário. Começou por atirar rasteiro e ao lado depois de um lance individual em que passou sozinho por vários oponentes (13′) e depois acertou na trave, com um chapéu na sequência de um passe de calcanhar de Pedrinho (15′).

A equipa de Jorge Jesus estava melhor e o jogo disputava-se praticamente por inteiro no meio-campo defensivo do Estoril. Ainda assim, com o avançar do relógio, a solidez defensiva do Benfica foi ficando mais passiva e permissiva: Pedrinho e Everton não são intensos a defender, Pizzi ficava muitas vezes perdido na frente e não cumpria as tarefas na zona mais recuada e Gabriel, o último elemento antes dos centrais, perdia constantemente a bola em espaços proibidos. E foi essa movimentação defensiva débil que acabou por permitir o golo do Estoril na primeira aproximação séria que a equipa de Bruno Pinheiro fez à baliza de Helton Leite: Joãozinho cruzou na esquerda para o segundo poste, Everton falhou o corte e permitiu que Murilo dominasse e fizesse um passe letal para o lado contrário, onde André Vidigal apareceu a encostar sem oposição (23′). O avançado estorilista fazia a diferença na meia-final da Taça, marcava pela quarta vez esta temporada e era o protagonista da fria eficácia do conjunto da Segunda Liga.

A perder, depois do primeiro golo sofrido nesta edição da competição, o Benfica procurou responder mas nem sempre com os melhores argumentos. O Estoril colocava muita gente à entrada da grande área e os encarnados trocavam a bola de forma lenta, entre um corredor e outro, sem conseguir fazer os movimentos de rotura que Rafa protagonizou no primeiro quarto de hora. O aproximar do intervalo, contudo, motivou alguma perda de concentração por parte do Estoril, que foi permitindo oportunidades ao Benfica: Darwin falhou um desvio depois de um cruzamento de Diogo Gonçalves (41′), Pizzi rematou por cima (43′) e o mesmo Darwin cabeceou para uma enorme intervenção do guarda-redes Thiago (43′). No canto consequente, porém, o uruguaio não falhou — Pedrinho bateu na direita, Gabriel fez um primeiro desvio numa zona mais recuada da grande área e o avançado cabeceou para dentro da baliza (44′). Os encarnados iam para o intervalo empatados com o Estoril depois de uma primeira parte em que foram surpreendidos pela eficácia do adversário mas souberam reagir — ainda que nem sempre com a melhor clarividência no último terço, onde escasseavam cruzamentos e passes para finalização.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Estoril-Benfica:]

Na segunda parte, e sem que nenhum dos dois treinadores fizesse alterações ao intervalo, rapidamente se percebeu que a dinâmica seria semelhante à do primeiro tempo: mais Benfica, sempre com a primeira fase de construção muito subida no terreno, e o Estoril na expectativa, a tentar manter a solidez defensiva enquanto explorava as transições rápidas ofensivas sempre que os encarnados perdiam a bola. Bruno Pinheiro, treinador estorilista, foi o primeiro a mexer e refrescou desde logo a equipa com uma tripla alteração, ao lançar João Gamboa, João Carlos e Bruno Lourenço.

Sem asfixiar o adversário, o Benfica conseguia chegar a zonas de finalização com alguma frequência e principalmente a partir de investidas de Diogo Gonçalves na direita, onde o lateral ganhava praticamente todos os duelos a Joãozinho e tirava cruzamentos muito eficazes. Foi assim que Rafa atirou ao lado, na grande área e depois de um passe vindo do corredor (57′), e era quase sempre assim que a equipa de Jorge Jesus criava perigo. Jorge Jesus que, confrontado com a insistência do empate, respondeu ao colega de profissão com outra tripla mexida: saíram Pizzi, Gabriel e Pedrinho, entraram Weigl, Taarabt e Seferovic. Gabriel, com menos de uma hora de jogo, acabou por ser dos elementos mais apagados do Benfica, entre perdas de bola e pouca intensidade a defender e a atacar.

Seferovic teve uma oportunidade logo depois de entrar, ao atirar ao poste depois de um mau atraso da defesa do Estoril (62′), e só precisou de ter outra para fazer a diferença. Num lance de insistência dos encarnados, Darwin não conseguiu rematar na grande área, Rafa também falhou o pontapé e a bola sobrou para o avançado suíço, que atirou certeiro com muita violência e confirmou a reviravolta no marcador (68′). Jesus reagiu à vantagem ao trocar Diogo Gonçalves — que acabou por ser um dos melhores elementos da equipa — por Gilberto e a verdade é que as substituições do treinador encarnado foram o ponto de viragem na partida, não só porque acrescentaram intensidade ao meio-campo, com Weigl e Taarabt, mas também porque aumentaram a presença na grande área, com Seferovic a juntar-se a Darwin.

O golpe de misericórdia dos encarnados apareceu pouco menos de 10 minutos depois e novamente por intermédio de Darwin. Numa altura em que o Estoril já estava muito partido, a tentar esticar-se no relvado para ainda procurar o golo do empate, Taarabt ganhou uma bola na zona do meio-campo e progrediu pela direita; já perto da grande área, tirou um cruzamento rasteiro para a faixa central, onde Darwin apareceu a rematar de primeira e de pé esquerdo para bisar, aumentar a vantagem do Benfica e tornar-se o melhor marcador da equipa esta temporada, com 12 golos (77′).

Até ao fim, o avançado uruguaio ainda saiu, para dar lugar a Cervi, e Crespo obrigou Helton Leite a uma grande defesa depois de um cruzamento que saiu à baliza (79′). A saída de Darwin, que levou Rafa para o corredor central, retirou toda a capacidade de pressão e intensidade à primeira linha do Benfica e deixou que o tempo passasse com o Estoril a tentar, de forma infrutífera, aproximar-se da baliza encarnada. O Benfica venceu a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, marcou três importantes golos fora de casa e alcançou uma vantagem preciosa na antecâmara da decisiva segunda mão, colocando um pé e meio na final da competição. Jorge Jesus bem quis poupar e deixar alguns habituais titulares no banco — no fim, teve de lançar Taarabt, Weigl, Seferovic e Gilberto para conseguir fazer a diferença.

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