O presidente do conselho de administração da consultora KPMG no Reino Unido, Bill Michael, demitiu-se do cargo depois de terem chegado à imprensa declarações que fez numa reunião (online) interna, onde aparece a dizer aos funcionários para não serem “queixinhas” quando falavam do impacto que a pandemia está a ter nas suas vidas e no trabalho.

Em comunicado onde anuncia o pedido de demissão, Bill Michael disse “lamentar profundamente” que as suas palavras tenham causado “dor” aos funcionários da KPMG que o ouviram dizer que não deviam “fazer-se de vítimas“. No vídeo, ouve-se Michael a defender, também, que ideias como os preconceitos inconscientes são “completas tretas”.

O australiano de 52 anos, que desde 2017 estava à frente da unidade britânica da gigante da auditoria e consultoria, sublinhou aos funcionários que todos devem reconhecer que “somos muito sortudos“.

Bill Michael dizia que, ao falar com algumas pessoas nos últimos meses, ficou “com a sensação de que as pessoas acham que isto é uma coisa que lhes está a ser feita a eles”, ou seja, como se a pandemia tivesse surgido para os magoar, individualmente. “Não quero que se façam de vítimas… a menos que estejam doentes – se estiverem doentes desejo-vos as melhoras; se não estão doentes, assumam o controlo das vossas vidas“.

Ao ser confrontado com estas declarações polémicas, Bill Michael reconheceu que a sua posição na firma se tornou “insustentável” e saiu dizendo-se “extremamente orgulhoso de todas as pessoas [com quem trabalhou]. A KPMG confirmou a saída, agradecendo a Bill Michael pela “enorme contribuição” para a empresa nos últimos 30 anos, “especialmente nos últimos três anos como presidente do conselho de administração”. “Desejamos-lhe todas as felicidades no futuro”, concluiu a KPMG.

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