A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, reconheceu que a concertação social se intensificou no último ano, mas considerou que muitos problemas continuam por resolver, como a situação das mães em teletrabalho e a cuidar de filhos pequenos.

“Houve de facto uma atividade intensiva, com grande número de reuniões de concertação social, mas a maior parte delas foram para dar parecer sobre intenções já concretizadas pelo Governo”, disse referindo-se às medidas excecionais criadas para fazer face aos constrangimentos económicos relacionados com a pandemia da Covid-19.

No entanto, segundo a sindicalista, a CGTP participou sempre nas reuniões da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) intervindo com o objetivo de defender os interesses dos trabalhadores, questionando as medidas que considerava incorretas ou desequilibradas e exigindo alterações.

Realizaram-se muitas reuniões de concertação porque foram tomadas medidas quase diariamente para acompanhar a situação [resultante da pandemia] e também porque o Governo teve de corrigir medidas incorretas, muitas vezes a nosso pedido”, disse.

Apesar do diálogo e dos apoios criados para trabalhadores e empresas durante a crise causada pela pandemia, “os trabalhadores estão a passar grandes necessidades“, segundo Isabel Camarinha, porque as medidas são insuficientes.

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A líder da CGTP referiu como exemplo o caso das pessoas que estão em teletrabalho, normalmente mulheres, e que ao mesmo tempo têm que cuidar de filhos pequenos, porque não têm acesso aos apoios financeiros que são atribuídos às famílias que têm de faltar ao trabalho para ficar com as crianças, devido ao encerramento das escolas.

Não compreendemos como é que o Governo insiste nisto, é mesmo só por uma questão de poupança. Pois é completamente incompatível conciliar o teletrabalho com o tomar conta de uma criança pequena. Mas isto tem de ser resolvido pois milhares de pais estão nesta situação”, disse.

A secretária-Geral da CGTP prometeu que a central irá continuar a bater-se, junto do Governo, na concertação social ou na rua por resolver os problemas dos trabalhadores. “Tivemos que nos adaptar a esta fase de pandemia e fazer o que é necessário para defender os direitos dos trabalhadores e melhorar as suas condições de vida”, afirmou.

Apesar dos constrangimentos relacionados com a Covid-19, a CGTP tem conseguido mobilizar os trabalhadores para ações de luta e, por isso, tem marcada para dia 25 uma jornada nacional de luta que irá decorrer por todo o país.

“Temos feito o que é necessário para mobilizar os trabalhadores e tivemos muitas novas sindicalizações em 2020, porque os trabalhadores sentem necessidade de recorrer aos sindicatos e de se organizarem coletivamente”, afirmou Isabel Camarinha.