Morreu este domingo, aos 90 anos, o ex-Presidente da Argentina, Carlos Menem, avança o Clarín. Segundo o jornal, Menem estava há vários dias internado com uma infeção urinária que complicou os problemas cardíacos e obrigou à sua hospitalização.

A 25 de dezembro, a EFE já tinha noticiado que Carlos Menem estava em coma induzido no hospital de Buenos Aires. O ex-chefe de Estado foi internado a 15 de dezembro no Sanatório Los Arcos, na capital, para um exame à próstata, mas foi diagnosticado com uma infeção urinária que complicou os problemas cardíacos. No dia 25 sofreu uma “descompensação renal”, segundo a EFE, e foi colocado em coma induzido.

Antigo presidente argentino Carlos Menem em coma induzido após insuficiência renal

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O ex-Presidente já tinha sido hospitalizado em junho de 2020, com uma pneumonia, e em julho, para a realização de diversos exames.

A hiperinflação e as denúncias de corrupção

Carlos Menem, peronista, marcou a década de 90 na Argentina. Foi presidente por dois mandatos, de 1989 a 1999. Antes, tinha sido governador da província de La Rioja, onde nasceu, nos períodos 1973-1976 e 1983-1989. Desde 2005, era senador pela mesma província.

Nascido a 2 de julho de 1930, Menem era filho de imigrantes sírios. Estudou direito e não tardou muito a envolver-se na política. Em 1973, venceu as eleições locais, mas foi afastado do cargo de governador, três anos depois, após o Golpe de Estado de 1976. Ficou detido durante cinco anos.

Em 1983, já em democracia, voltou ao cargo de governador com uma expressiva maioria dos votos. Chegou ao poder numa altura de hiperinflação e recessão, que ganhou força nos anos após o fim do seu último mandato.

Como presidente, os mandatos ficaram marcados pela transformação da economia, a privatização de empresas públicas e a abertura às importações, que o distanciou do seu partido, o Justicialista. Também esteve envolvido em denúncias de corrupção, que o levaram a responder em tribunal nos últimos anos. Em 2019, foi condenado a uma pena de três anos e nove meses de prisão por fraude na venda de um imóvel na década de 90. Menem foi acusado de ter desviado fundos públicos para essa transação.

Ao todo, as penas somavam nove anos de prisão, mas o ex-Presidente acabou por não os cumprir porque não foi condenado pelo Senado (o cargo de senador concedia-lhe imunidade).