A peça de teatro “Segundo Sacrifício, Um exemplo para João Vário” vai retratar a obra do cientista e professor cabo-verdiano, numa parceria entre Cabo Verde, com o grupo Fladu Flá, e de Portugal, através da companhia UMColetivoTeatro. Mais de uma década após a sua morte, a obra do escritor, neurocientista, cientista e professor cabo-verdiano João Vário chega ao teatro, com encenação de atores cabo-verdianos e portugueses.

Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o diretor das Artes e Indústrias Criativas do Ministério da Cultura, Adilson Gomes, disse que a ideia da peça é trazer autores cabo-verdianos para o teatro.

João Vário, principal pseudónimo de João Manuel Varela, que também assinou as suas obras como Timóteo Tio Tiofe e Geuzim Té Didial, foi um escritor, neurocientista, cientista e professor cabo-verdiano, que nasceu em 07 de junho de 1937 e morreu em 07 de setembro de 2007. Sublinhando que o espetáculo vai ser todo construído em Cabo Verde, Adilson Gomes referiu ainda que se abre um “precedente interessante”, que é começar a ter colaboração entre Cabo Verde e outros países de língua portuguesa.

O encenador Herlaudson Duarte disse que a peça vai tratar várias questões que têm a ver com a humanidade e que interpelam a todos, como as desigualdades, desrespeito, racismo, colonização e descolonização.

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Esse espetáculo representa de alguma forma muitos temas que são muito abrangentes e que, de alguma forma, somos obrigados a pensar”, descreveu o encenador, indicando ainda que a peça vai analisar uma série de “memórias coletivas mortas”, mas com alguma vibração no presente.

A diretora artística da companhia portuguesa UMColetivoTeatro, Cátia Tirrinca, avançou que a escolha da encenação recaiu sobre o escritor cabo-verdiano João Vário porque acreditam que a sua escrita tem a capacidade singular de colocar a todos como irmãos ao analisar problemas comuns.

Penso que o texto tem a capacidade de não centralizar esses problemas em cidadãos particulares, mas sim transversalmente sendo que são códigos emocionais de recusa, de frustrações, de lugares de periferia, às vezes até emocional, que, em vez de serem reconvocadas para a solidão, são reconvocadas para uma irmandade”, explicou a diretora da companhia com sede em Elvas.

Cátia Tirrinca acrescentou que o grupo português tem tido sempre a preocupação de fazer um “processo colaborativo”, chamando outros cabo-verdianos no país e em outros lugares para fazerem parte do espetáculo.  Com sonoplastia do músico e produtor N’Du Carlos, as estilistas Mizé Varela e Ghislene Alves e os dançarinos Mano Preto e Heleno Barbosa, a peça tem estreia marcada para 25 de fevereiro, às 20:00 locais (21:00 em Lisboa), no Auditório Nacional Jorge Barbosa, na Praia.

O espetáculo vai ser gravado e posteriormente transmitido na Televisão de Cabo Verde (TCV) e assim chegar a todas as ilhas do país, onde não foi possível a sua apresentação presencial, por causa das restrições impostas pela Covid-19 e por limitações financeiras.