O Estado cabo-verdiano vai ter até 2060 para pagar o empréstimo de 4,2 milhões de euros do Banco Mundial para comprar 400.000 vacinas contra a Covid-19, mas só dentro de dez anos é que começa a liquidar a dívida.

Segundo o acordo de financiamento, assinado em 12 de fevereiro entre o Governo de Cabo Verde e a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), ao qual a Lusa teve acesso, aquela agência do grupo Banco Mundial vai apoiar a resposta sanitária com 3.500.000 SDR (Direitos de Saque Especiais), equivalente a 4.165.000 euros, para o Plano Nacional de Imunização contra a covid-19.

O calendário de reembolsos por Cabo Verde prevê pagamentos a partir de 15 de junho 2031, que se estendem até 15 de dezembro de 2060, conforme cronograma que consta do acordo de financiamento.

Este apoio adicional, lê-se, visa o “desenvolvimento de um quadro regulamentar e planos para assegurar uma importação rápida das vacinas” contra à covid-19, bem como formação do pessoal de saúde para este processo, aquisição, armanezamento e distribuição das vacinas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O financiamento, conforme prevê o acordo, também abrange a aquisição de cartões de registo de vacinas, equipamentos de proteção individual, bem como o desenvolvimento de normas e protocolos sobre a cadeia de frio, fornecimento, armazenamento (das vacinas), logística e formação, entre outros aspetos.

O Banco Mundial explicou em comunicado, em 11 de fevereiro, que esta é “a primeira operação” financiada por aquela instituição em África, “para apoiar o plano de imunização de um país para covid-19, e auxiliar na compra e distribuição da vacina em linha com a iniciativa COVAX, de Acesso Global às Vacinas de covid-19”.

Este projeto permitirá financiar, igualmente, a compra de equipamento e transporte para uma cadeia de frio das vacinas e a “melhoria da infraestrutura de saúde para ajudar na reabertura do país ao turismo”, setor que está parado desde março de 2020 e que garantia antes 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Num contexto de uma “segunda vaga” da pandemia a provocar “grave impacto nas vidas e economias” africanas, “fechando escolas e negócios”, o Banco Mundial pretende reforçar o apoio aos países na compra e distribuição de vacinas, testes e tratamentos, bem como os “sistemas de vacinação”, explicou Ousmane Diagana, vice-presidente do Banco Mundial para a África Ocidental e Central, citado no comunicado.

“Cabo Verde tem imensa experiência com campanhas de vacinação e está bem preparado para dar início à implementação das vacinas este mês. Esta é uma medida crucial para ajudar a assegurar o futuro do povo cabo-verdiano, para recuperar empregos e realavancar a indústria do turismo, particularmente impactada pela pandemia”, sublinhou Ousmane Diagana.

O Banco Mundial reconhece que a economia cabo-verdiana “tem sido drasticamente afetada pela crise”, com uma recessão económica equivalente a 11% do PIB em 2020, devido à queda de 70% na procura turística e com a taxa de desemprego a duplicar, para cerca de 20%, fazendo disparar os níveis de pobreza “no curto prazo”.

Cabo Verde conta com uma população estimada de 550.000 pessoas e este apoio financeiro através da AID permitirá vacinar mais de 20% da população.

Na resposta à pandemia de covid-19 em Cabo Verde, o Banco Mundial refere que já aprovou financiamentos de cerca de 50 milhões de dólares, no reforço dos cuidados de saúde, apoios sociais e retoma da atividade económica.