A direção nacional do Chega acusou o Governo de encomendar e incentivar um “suposto relatório europeu” sobre a extrema-direita na tentativa de ilegalizar o partido dirigido por André Ventura.

“O Chega denuncia e lamenta a divulgação de um suposto relatório europeu onde são atribuídas graves responsabilidades ao Chega pela alegada ascensão e normalização da extrema-direita em Portugal. Dizemos suposta porque, na verdade, se analisarmos mais de perto, a parte do relatório a que nos referimos é da autoria de dois jornalistas portugueses, cujas opiniões sobre o Chega já eram, aliás, conhecidas”, lê-se em comunicado.

Segundo os responsáveis do partido da extrema-direita parlamentar, o documento “não é nenhuma peça objetiva de análise ou contributo para a reflexão, é mais uma miserável contribuição para o processo de ilegalização do Chega, que é neste momento o sonho da esquerda portuguesa e de alguma direita confirmada”.

“É lamentável a análise subjetiva e tendenciosa que é feita e apresentada como se se uma investigação ou recolha de dados se tratasse. A associação do Chega ao regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a categorização do ‘Movimento Zero’ como de extrema-direita populista ou a responsabilização da eleição do deputado do Chega pelo ambiente crescentemente agressivo no espaço público português mostram bem que estamos perante um relatório encomendado e incentivado pelo Governo português”, lamentam os dirigentes do partido nacionalista.

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O referido relatório sobre o extremismo de direita na Europa, divulgado esta terça-feira, assinala a “normalização” política do Chega em 2020 e alerta para a “possibilidade de radicalização das formas de protesto da extrema-direita portuguesa”.

“A infiltração de extrema-direita nos protestos por melhores condições de vida, como é o caso dos pequenos e médios empresários, deverá continuar. E não se pode, neste caso, com o agravamento da crise social e económica, excluir a possibilidade de radicalização nas formas de protesto da extrema-direita portuguesa”, alerta o relatório “Estado de ódio – o extremismo de direita na Europa”.

A parte portuguesa deste relatório, que retrata a situação em vários países da União Europeia, mas também da Europa de Leste, é da autoria de dois jornalistas que se dedicam ao estudo da extrema-direita, Ricardo Cabral Fernandes e Filipe Teles, que alertam para o risco de a extrema-direita tentar “tirar vantagem da insatisfação, frustração e ressentimento da crise socioeconómica causada pelas medidas para conter a pandemia Covid-19”.