Os Estanhos Artísticos de Bodiosa são o primeiro produto artesanal do concelho de Viseu a receber certificação, anunciou esta terça-feira o presidente da Câmara, que espera agora a certificação de outros produtos artesanais do município.

“Este é um momento importante, já que temos oficialmente o primeiro produto artesanal de Viseu certificado. Com este feito queremos salvaguardar o nosso património, a nossa história, mas ao mesmo tempo valorizar um produto único do nosso concelho”, destacou António Almeida Henriques, numa conferência de imprensa ‘online’.

O autarca espera “que este seja o primeiro de outros processos de certificação” já em curso, nomeadamente o do Linho de Várzea de Calde e a Flor de Namorados de Fragosela.

“Estamos ainda a avaliar outros produtos tradicionais do nosso concelho, como as Rendas de Bilros de Farminhão ou outros do género alimentar”, destacou.

António Almeida Henriques disse estar “seguro de que este trabalho levado a cabo pelas equipas do município de Viseu, em articulação com os artesãos, trará enormes mais-valias para a projeção dos produtos” do concelho.

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Entre os produtos alimentares que o autarca gostaria de ver certificados, mas que têm um processo mais complexo que poderá ter de passar pela qualificação de receitas tradicionais, estão os viriatos, as castanhas de ovos, os pastéis de feijão, o rancho à moda de Viseu, a broa de Vildemoinhos, o pão de São Bento e o pão de Santos Evos.

Os Estanhos Artísticos de Bodiosa foram aprovados pela comissão consultiva para a Certificação de Produções Artesanais Tradicionais (CCCPAT) para a inclusão no Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas.

“Os Estanhos Artísticos de Bodiosa contam com uma história de 70 a 80 anos nesta sua dimensão de produção artesanal e de produção de artesanato, mas os estanhos têm uma presença secular, que remonta praticamente ao final da Idade Média no concelho de Viseu”, contou o autarca.

A freguesia de Bodiosa “tem esta relação estreita com a produção artesanal em estanho devido à presença de minas na freguesia e localidades circundantes, onde o estanho era extraído, e à presença da separadora Sociedade Mineira do Paiva, que procedia à separação e tratamento do minério”.

“Estes dois fatores permitiram desenvolver a fileira da manipulação do estanho de forma contínua, esse trabalho existe pelo menos desde 1940 e veio a ganhar uma especialidade na dimensão artística com a decadência da exploração mineira que encerrou na década de 1980”, lembrou Almeida Henriques.

Após o encerramento, os profissionais que dispunham de competências na manipulação de estanho “começaram a especializar-se na criação de peças artísticas e decorativas” e, atualmente, há duas empresas familiares associadas à produção artística deste produto.