O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou que irá apresentar as primeiras propostas decorrentes do processo NATO 2030 aos ministros da Defesa da Aliança, de maneira a abrir “um novo capítulo nas relações transatlânticas”.

Temos uma oportunidade única para revitalizar e fortalecer o laço transatlântico: temos a nova administração Biden, que está fortemente comprometida em que a América do Norte e a Europa trabalhem juntos, (…) e enfrentamos novos desafios, que só conseguiremos enfrentar juntos. Nenhuma nação, nenhum continente, pode enfrentá-los sozinho”, referiu Jens Stoltenberg durante uma conferência de imprensa de antevisão da cimeira que reúne, entre quarta e quinta-feira, os ministros de Defesa da Aliança.

Nesse âmbito, durante a reunião, Stoltenberg irá anunciar aos ministros as suas primeiras propostas decorrentes do processo de reflexão NATO 2030, uma agenda que qualifica de “ambiciosa”, e que servirá para projetar o futuro da Aliança e definir um novo conceito estratégico para a NATO.

Entre as medidas que apresentou durante a conferência de imprensa, e que estão enquadradas nesta estratégia, Stoltenberg sublinhou que “acredita firmemente” que a Aliança deve abordar questões que são importantes para a segurança dos Aliados mas que não são sempre “puramente militares”. Assim, referiu que irá propor que a Aliança comece também a organizar cimeiras que reúnam não só os ministros da Defesa, dos Negócios Estrangeiros ou os líderes dos respetivos Estados-membros, mas também “ministros do Interior, ou conselheiros de segurança nacional”.

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A esta vertente, que intitulou de “consultação interna”, Stoltenberg acrescentou a necessidade de coordenar-se “mais estreitamente” com os parceiros externos da Aliança, de maneira a “responder às consequências de uma China ascendente e de uma Rússia mais assertiva”. “Trabalhar com democracias semelhantes faz parte de fortalecermos a nossa agenda e consultação política dentro da NATO”, destacou.

O secretário-geral referiu ainda que, além do compromisso adotado pelos Estados-membros em 2014 de reservar 2% do PIB ao orçamento da defesa, também irá propor que os Aliados aumentem as suas contribuições para a Aliança, por achar “injusto” que os países que fornecem “as tropas, os aviões e os navios” para as atividades de defesa e dissuasão da NATO, ainda tenham de “cobrir todos os custos” das mesmas.

Acho que devemos mudar isso, para que a NATO contribua e cubra esses custos, em parte porque, ao pagarmos mais coisas juntos, demonstramos o nosso compromisso com o artigo 5.º [o princípio que requer que os Estados-membros auxiliem outro Aliado em caso de ataque] e com as atividades de dissuasão e defesa, o que, por sua vez, irá aumentar a nossa coesão e a nossa unidade política, porque a nossa unidade política baseia-se no nosso compromisso em defendermo-nos e protegermo-nos uns aos outros“, frisou.

Outras das medidas sublinhadas pelo responsável foi a necessidade de “preservar a dianteira tecnológica da Aliança”, o que fará através da proposta da criação de uma “iniciativa de inovação da defesa na NATO”, que procurará “promover a interoperabilidade e impulsionar a cooperação transatlântica na inovação da defesa”.

Stoltenberg saudou ainda a entrada em funções da administração Biden, referindo que, desde que o novo Presidente foi eleito, já teve a ocasião de falar duas vezes com ele, tendo o último, em ambas as vezes, demonstrado de maneira “muito clara” e “muito forte” a “importância de reconstruir alianças e de fortalecer a NATO”.

“Por isso, agora temos a possibilidade de reconstruirmos as nossas alianças e estou expectante para que o façamos todos juntos”, referiu. Interrogado sobre se não considera que a sua agenda pode ser demasiado ambiciosa, Stoltenberg referiu que está “otimista”.

Estou otimista porque a NATO sempre se mostrou capaz de se adaptar e mudar à medida que o mundo muda. Agora, temos de mudara outra vez e estou confiante que a NATO irá provar que somos capazes de o fazer”, sublinhou.

Os ministros de defesa da NATO reúnem-se esta quarta e quinta-feira estando em cima da mesa, além das propostas do secretário-geral no âmbito do processo NATO 2030, a discussão sobre as missões da Aliança no Afeganistão e no Iraque.