O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, defendeu esta segunda-feira que alguns dos jornais mais prestigiados do país deveriam ser tirados de circulação, por serem “fábricas de fake-news“, e que as redes sociais deviam ser mais fortemente tributadas por, diz Bolsonaro, lhe limitarem a “liberdade de expressão“.

A mensagem de Bolsonaro foi, paradoxalmente, divulgada através das próprias redes sociais.

Num vídeo transmitido em direto na página de Instagram do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Presidente brasileiro falou aos seus seguidores enquanto passeava numa praia do estado de Santa Catarina, no sul do país, envergando uma camisola da Seleção Nacional de Portugal.

O certo é tirar de circulação — não vou fazer isso, porque sou democrata —, tirar de circulação Globo, Folha de S. Paulo, Estadão, Antagonista“, disse Bolsonaro, referindo-se a alguns dos mais conhecidos meios de comunicação do Brasil. “São fábricas de fake-news.”

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A crítica mais dura do Presidente brasileiro vai, todavia, para as redes sociais. Queixando-se, no Instagram, de ser censurado pelo Facebook, Jair Bolsonaro estabeleceu até um paralelismo com Donald Trump, banido das redes sociais depois das mensagens publicadas no dia da invasão do Capitólio de Washington D.C. pelos seus apoiantes.

Segundo Bolsonaro, o governo federal brasileiro tem de, “junto com o Parlamento, criar uma legislação taxar mais ainda esse pessoal que paga muito pouco de imposto para operar dentro do Brasil, tomar medidas para realmente garantir a liberdade de expressão”.

Na minha página, na página de qualquer um“, acrescentou, salientando que já telefonou para a AGU (Advocacia-Geral da União, organismo equivalente à Procuradoria-Geral da República em Portugal).

No centro da fúria de Bolsonaro com os jornais e as redes sociais está um episódio recente relacionado com o preço dos combustíveis no Brasil. De modo a defender-se das críticas de que tem sido alvo devido ao elevado preço dos combustíveis, Bolsonaro veio a público queixar-se do modelo de tributação daqueles produtos, alegando que os combustíveis estariam a ser tributados duplamente.

Através das redes sociais, Bolsonaro pediu aos seus apoiantes que fossem colocar 100 reais de combustível nos seus carros, tirassem fotografias aos recibos e as enviassem para a sua página do Facebook. “Eu não recebo nenhuma nota, o Facebook bloqueou imagens“, acusou depois Bolsonaro. “Os combustíveis continuam aí demonstrando uma nuvem muito carregada no horizonte, vamos resolver esse problema. Obrigado quem mandou nota fiscal para mim por outros meios, já que o Facebook bloqueou.”

“Deixa o povo se libertar, porque tem liberdade. Logicamente que se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora o Facebook bloquear a mim e a população é inacreditável”, disse o Presidente brasileiro. “E não há uma reação da própria mídia, ela se cala. Falam tanto da liberdade de expressão para eles em grande parte mentir com matérias. Agora para a população é uma censura que não se admite.”