Os lucros dos quatro maiores bancos brasileiros somaram 61 mil milhões de reais (9,35 mil milhões de euros) em 2020, menos 24,4% face a 2019 e o maior retrocesso em 21 anos, segundo um estudo divulgado esta quarta-feira.

Se considerada a correção monetária pela inflação, a queda sobe para 26,6%, já que em 2019 o lucro nominal conjunto dos bancos Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander foi de 81,5 mil milhões de reais (12,5 mil milhões de euros), o melhor resultado desde 1994.

Os dados foram divulgados esta quarta-feira pela consultora Economática, que indicou que o Itaú, o maior banco privado do Brasil, teve o melhor resultado entre os quatro no ano passado, com lucro anual de 18,9 mil milhões de reais (2,9 mil milhões de euros), seguido do Bradesco, com 16,5 mil milhões de reais (2,5 mil milhões de euros).

O Santander ficou em terceiro lugar, com lucro de 13,4 mil milhões de reais (2,05 mil milhões de euros) e o Banco do Brasil, controlado pelo Estado mas com ações na bolsa, ficou em quarto, com lucro de 12,6 mil milhões de reais (1,93 mil milhões de euros).

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O estudo da Económatica consolidou os resultados dos quatro maiores bancos de capital aberto do país sul-americano com base nas demonstrações financeiras entregues pelas instituições entre 1994 e 2020.

Sem ter em conta a correção monetária, o maior retrocesso dos quatro bancos foi em 1995, com uma queda nos lucros de -735% em relação a 1994, como consequência da crise financeira global à época gerada pelo México e pela Rússia.

O estudo analisou também o retorno sobre o património, que é o resultado do lucro líquido dividido pelo património líquido médio e que em 2020 foi de 12,06% para os quatro bancos, o menor valor registado desde 1995, quando esse índice médio foi de 10,56%.

Os lucros dos quatro maiores bancos do Brasil foram afetados pela pandemia de Covid-19 e pelo forte aumento das provisões que todo o setor teve de reservar para cobrir dívidas de difícil cumprimento.

A chegada da pandemia ao Brasil gerou uma profunda crise no país após a paralisação das atividades entre março e maio do ano passado, quando foi decretado o isolamento social para evitar a disseminação do vírus.

De acordo com as últimas projeções de economistas e do Governo, o Brasil sofreu uma contração da sua economia próxima a 4,5% em 2020.

A queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 interrompeu três anos consecutivos de crescimento económico após a recessão histórica do país em 2015 e 2016, quando a economia se contraiu em quase sete pontos percentuais.