“Reportem ao ano passado e digam-me quantas equipas fizeram três jogos seguidos de três em três dias. Eu não vi. Não é normal. O normal é três, quatro dias. Quando jogam na Liga Europa, normalmente os jogos do Campeonato passam para a segunda-feira. Tem sido o normal, para dar o afastamento. Faz toda a diferença, andar a caminhar sobre isto é andar a caminhar sobre arame farpado e o Sp. Braga tem feito isso muito bem, graças ao excelente grupo que tenho, com jogadores de grande caráter. Vamos jogar contra uma equipa que tem seis jogos num mês, quando nós temos dez. E não é a diferença da densidade mas sim o afastamento entre os jogos”.

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O Sp. Braga já não tinha um plantel muito profundo também para não retirar espaço ao aparecimento de jovens da equipa B ou dos Sub-23 e teve ainda uma azar crescido com as lesões de longa duração, que já tinham retirado por vários meses Francisco Moura e Iuri Medeiros da competição e que deixaram agora David Carmo no mesmo ponto. Também por isso, era expectável que os minhotos pudessem quebrar a determinada fase, perante uma densidade competitiva que também se explica pelo arranque tardio de uma época com Campeonato da Europa. Não foi isso que aconteceu, pelo contrário: o conjunto de Carlos Carvalhal ocupa a terceira posição do Campeonato apenas a um ponto da vice-liderança, tem a meia-final da Taça de Portugal em aberto com o FC Porto e queria agora manter as ambições intactas para chegar aos oitavos da Liga Europa, mesmo com um sorteio pouco famoso.

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A Roma de Paulo Fonseca, também ele um antigo técnico dos arsenalistas (ganhou uma Taça de Portugal), surgia como favorita na eliminatória não apenas pelo terceiro lugar na Serie A, a sete pontos da liderança, mas também pela contestação de estrelas que mesmo de uma segunda linha no mais alto patamar colocam o conjunto romano como um dos melhores na liga transalpina. “Os jogadores da Roma estão alertados para a qualidade do Sp. Braga. Vai ser um jogo difícil. Muitos jogadores não acompanham o futebol português e foi preciso alertá-los, teremos que estar ao melhor nível para vencer o jogo”, destacava o treinador português, esperando “um jogo aberto” entre duas equipas “com uma matriz ofensiva, que pressionam alto e que gostam de ter a iniciativa do jogo”.

A expetativa era essa, a realidade foi outra diametralmente oposta e os minhotos entraram numa espiral digna de lei de Murphy onde tudo o que podia ter corrido mal, correu ainda pior, do golo inaugural de Dzeko, o ex-capitão que viu Paulo Fonseca tirar a braçadeira (com toda a celeuma que isso causou até em termos internos, entretanto serenada), ao 2-0 por Borja Mayoral a fechar o jogo (86′), passando pela expulsão de Ricardo Esgaio que desequilibrou por completo os pratos da balança de um encontro onde a Roma foi sempre melhor e praticamente garantiu a qualificação para os oitavos da Liga Europa, num castigo demasiado pesado para a carreira do Sp. Braga.

“Os meus jogadores foram mais uma vez estóicos. Sofremos um golo a frio num contra ataque logo no início do jogo mas agarrámo-nos ao jogo muito bem. Empurrámos a Roma para o seu meio campo mas desperdiçámos algumas oportunidades para concretizar. Devíamos ter sido mais eficazes a finalizar, podíamos ter conseguido o golo. Na segunda parte a tónica foi a mesma até à expulsão. Depois da expulsão, a equipa tentou estar dentro da eliminatória, dentro do resultado. Tínhamos de saber defender e tentar marcar um golo. Esboçámos algumas reações e podíamos ter sido mais felizes. Mas, mesmo com dez, uma equipa que tem tido um desgaste tremendo, acho que os meus jogadores foram brilhantes. Foram duas grandes equipas e uma equipa de arbitragem que teve uma prestação sofrível. Este jogo merecia uma arbitragem melhor, esteve uns furos abaixo das duas equipas”, comentou Carlos Carvalhal na zona de entrevistas rápidas da Sport TV.