Organizações timorenses em parceria com várias instituições internacionais lançaram esta quinta-feira, no âmbito da iniciativa Spotlight, um novo fórum nacional para fortalecer os esforços conjuntos de combate à violência de género em Timor-Leste.

O Fórum Nacional para o Fim da Violência contra Mulheres e Meninas (Fórum EVAWG, na sua sigla em inglês, foi lançado em conjunto pela organização timorense Rede das Mulheres e pela organização não-governamental internacional World Vision.

O projeto foi desenvolvido no âmbito da iniciativa Spotlight, da ONU e da UE, um programa global de combate a todas as formas de violência contra as mulheres, com um investimento de 13,5 milhões de euros em três anos.

Estamos fortemente empenhados no fim do terrível crime de violência contra mulheres e raparigas, algo que constitui uma mancha terrível para todas as nossas sociedades”, refere Andrew Jacobs, embaixador da União Europeia em Díli, citado no comunicado.

“Seria impossível combater com êxito a violência de género sem que a sociedade civil desempenhasse um papel importante. As organizações da sociedade civil são muitas vezes as primeiras a detetar e a responder aos problemas”, explicou.

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Jacobs destacou o facto das organizações da sociedade civil contactarem diretamente com famílias e comunidades e ao mesmo tempo com as autoridades e com as instituições do país, ajudando a promover a mudança e a encontrar soluções.

“Este Fórum é uma oportunidade real para as organizações da sociedade civil decidirem em conjunto a melhor forma de unir esforços para prevenir a violência sexual, proteger as vítimas, acabar com a impunidade dos agressores e garantir o acesso à saúde e à justiça para as vítimas”, destacou.

Yasinta Lujinda, presidente do Conselho de Administração da Rede das Mulheres, que reúne 46 organizações do país, destacou os esforços que têm sido feitos com ações de sensibilização, campanhas mediáticas e fornecer abrigo, casas seguras, serviços médicos forenses, aconselhamento, assistência jurídica e capacitação económica a sobreviventes de violência.

“Trabalhámos em parceria com a Secretaria de Estado para a Igualdade e Inclusão e outros ministérios relevantes para a implementação do Plano de Ação Nacional para a Violência de Género”, destacou.

Reconhecemos que acabar com a violência contra mulheres e raparigas não é apenas da responsabilidade das organizações femininas. É nossa responsabilidade trabalhar em conjunto com organizações masculinas, organizações juvenis, organizações de media, líderes comunitários, líderes religiosos e líderes do Estado para acabar com a violência contra mulheres e meninas na nossa sociedade”, frisou.

Em comunicado conjunto as organizações explicam que o fórum representa uma nova forma de “aumentar a visibilidade das competências locais e das boas práticas” e fomentar a colaboração no combate à violência de género.

“A partilha de conhecimentos e a orientação incentivarão iniciativas complementares e de solidariedade”, refere o comunicado.

O fórum envolve organizações da sociedade civil aos níveis nacional e municipais, incluindo grupos de direitos das mulheres, organizações de pessoas com deficiência, associações de trabalhadores domésticos, organizações LGBTI, redes informais de jovens e raparigas e organizações masculinas que trabalham para prevenir a violência.

Media e organizações de pessoas que vivem com HIV/SIDA participam igualmente no fórum, uma parceria no valor de quase 100 mil dólares, implementada com a World Vision e o apoio da ONU Mulheres

A violência contra as mulheres e as raparigas é um flagelo que deve ser eliminado em todas as sociedades. Em Timor-Leste, se conseguirmos abordar a violência de género nos próximos cinco a dez anos, podemos estar certos de que as nossas hipóteses de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030 aumentarão substancialmente”, considerou Roy Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste.

“O Fórum Nacional para o Fim da Violência Contra as Mulheres e Meninas abre um espaço para uma maior colaboração para eliminar, de uma vez por todas, todas as formas de violência contra mulheres e meninas”, disse.