O médico cirurgião norte-americano Marty Makary afirmou que os Estados Unidos podem atingir a imunidade de grupo até abril, altura em que “a maior parte da Covid-19” já terá desaparecido e permitido um regresso à normalidade. A estimativa do médico foi publicada num artigo de opinião no Wall Street Journal.

O cirurgião afirma que vários cientistas concordam com a previsão, mas preferem não o confirmar publicamente com receio de que a população deixe de cumprir as precauções necessárias para evitar uma infeção pelo coronavírus. “Mas os cientistas não devem tentar manipular o público ao esconder a verdade”, argumenta.

Marty Makary diz que se baseia no facto de o número de casos positivos ter diminuído em 77% nas últimas seis semanas e de 15% da população norte-americana já ter sido vacinada. Mas a plataforma Our World in Data diz que só 12,2% dos americanos receberam uma dose e que apenas 5% está totalmente vacinada.

Há motivos para pensar que o país está a caminho de um nível extremamente baixo de infeção. À medida que mais pessoas forem infetadas, a maioria com sintomas leves ou nenhum sintoma, há menos americanos para serem infetados“, argumenta o cirurgião.

Marty Makary aponta que se baseia em “dados de laboratório, dados matemáticos, literatura publicada e conversas com especialistas” para afirmar que os Estados Unidos estão a dois meses da imunidade de grupo. Afirma também que essa é a conclusão que retira da”observação direta” da testagem americana.

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Se morar numa comunidade rica onde as pessoas preocupadas estão vigilantes quanto a fazer o teste, pode pensar que a maioria das infeções é detetada por meio de testes. Mas se viu as muitas barreiras aos testes para americanos de classe baixa pode pensar que muito poucas infeções foram detetadas em centros de teste”, indica o médico.

Marty Makary diz também que as estimativas mais conservadoras sobre o atingir da imunidade de grupo subestimam a imunidade natural. O cirurgião refere-se aos células T específicas que se desenvolvem durante uma infeção — células essas que têm “memória”, sendo ativadas perante uma segunda exposição ao agente.

Martin “Marty” Makary, originalmente britânico, é um popular médico na área da cirurgia gastrointestinal e em oncologia nos Estados Unidos. Exerce medicina no Hospital Johns Hopkins e ensina políticas de saúde pública na Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg. Já ocupou cargos de liderança na Organização Mundial da Saúde.