O Papa aceitou a renúncia do prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o cardeal ultraconservador Robert Sarah, anunciou sábado o Vaticano.

“O Santo Padre aceitou a renúncia ao cargo do prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos apresentada” pelo cardeal Robert Sarah, lê-se num comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano.

Na sua conta na rede social Twitter, o cardeal da Guiné-Conacri, que completou 75 anos em junho do ano passado, também anunciou a renúncia ao cargo.

“Estou nas mãos de Deus. A única rocha é Cristo. Encontrar-nos-emos brevemente em Roma ou noutro local”, escreveu Sarah, que esteve envolvido numa polémica após a publicação, em janeiro de 2020, do livro “Das profundezas dos nossos corações”, que escreveu com o contributo do Papa emérito Bento XVI.

No livro, lançado em Portugal no mês seguinte, Bento XVI defende que o celibato dos padres “tem um grande significado” e é “indispensável para que o caminho” dos sacerdotes “na direção de Deus permaneça o fundamento” da sua vida.

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Esta defesa pública do celibato sacerdotal causou polémica, pois surgiu numa altura em que era esperada a posição final do Papa Francisco sobre as conclusões do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, no qual foi defendida a abertura para a ordenação de homens casados naquela região do mundo, a fim de ultrapassar as dificuldades causadas pela falta de padres.

A polémica atingiu tão grandes dimensões após a publicação de excertos do livro pelo jornal francês Le Figaro, que levou o próprio Bento XVI a pedir a retirada do seu nome da autoria da obra, alegadamente por não ter dado autorização para a utilização do seu texto num livro, o que Sarah contestou.

A retirada da assinatura conjunta já não foi possível na edição francesa e na portuguesa surge como autor Robert Sarah “com Bento XVI”.

Robert Sarah foi nomeado, em 1979, quando tinha 34 anos, arcebispo de Conacri, por João Paulo II.

Em 2010, foi nomeado cardeal por Bento XVI e, quatro anos depois, já no pontificado de Francisco, prefeito da congregação.