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Rúben liga mais a avisos do que a elogios. Mas merece um verdadeiro elogio da loucura (a crónica do Sporting-Portimonense)

Este artigo tem mais de 3 anos

Juventude e experiência, diz Amorim. É preciso ouvir mais os avisos do que os elogios, diz Amorim. Mas Amorim merece o elogio da loucura: por ter tornado o improvável em algo certo.

Nuno Santos, que voltou ao onze na sequência da lesão de Paulinho, marcou o segundo golo dos leões
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Nuno Santos, que voltou ao onze na sequência da lesão de Paulinho, marcou o segundo golo dos leões

LUSA

Nuno Santos, que voltou ao onze na sequência da lesão de Paulinho, marcou o segundo golo dos leões

LUSA

Primeiro lugar, a 10 pontos de distância do segundo, a 11 do terceiro e a 13 do quarto. Recuando seis meses, até agosto, seria mais do que improvável adivinhar que o Sporting estaria numa posição tão confortável na reta final de fevereiro. Com Rúben Amorim ao leme, apesar de ser sempre necessário fazer as ressalvas relativas a uma temporada marcada pela pandemia e em que os leões ficaram fora das competições europeias ainda muito cedo, a equipa de Alvalade tem merecido elogios devido à regularidade, ao sistema tático de três centrais e ao enorme pragmatismo. O elogio mais recente, ainda assim, veio de um porta-voz inesperado. 

Jackson Martínez, chamado a fazer a antevisão da receção do Sporting ao Portimonense por ter jogado recentemente nos algarvios, acabou por deixar uma análise ao trabalho de Rúben Amorim. “A segurança que transmite aos jogadores e a convicção que tem. Basta escutá-lo para perceber isso. Desde o primeiro dia em que pegou na equipa que mostrou uma segurança admirável. Assumiu um grande compromisso, ainda com pouco tempo como treinador, para liderar um clube com grande exigência. Tens de ter caráter para tomar decisões difíceis que vão ajudar a equipa. Ele tem transmitido isso aos jogadores. Essa mudança deve-se ao trabalho que tem feito”, explicou o avançado colombiano, acrescentando ainda que a vantagem leonina “já não surpreende” se for tido em conta o trabalho do treinador. “A surpresa seria se fossem primeiros e não jogassem tão bem. O treinador tem muito a ver, os jogadores e o clube também, principalmente em tão pouco tempo”, terminou Jackson.

Ficha de jogo

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Sporting-Portimonense, 2-0

20.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Sporting: Adán, Gonçalo Inácio, Coates, Feddal, Pedro Porro, João Palhinha (Matheus Nunes, 87′), João Mário, Nuno Mendes, Pedro Gonçalves (Daniel Bragança, 87′), Tiago Tomás (Jovane, 63′), Nuno Santos (Bruno Tabata, 71′)

Suplentes não utilizados: Max, Matheus Reis, Luís Neto, João Pereira, Antunes

Treinador: Rúben Amorim

Portimonense: Samuel, Willyan (Bruno Moreira, 85′), Maurício, Lucas, Moufi, Henrique (Salmani, 60′), Dener, Ewerton (Luquinha, 43′), Anzai (Poha, 85′), Boa Morte, Beto

Suplentes não utilizados: Nakamura, Fabrício, Anderson, Tagliapietra, Candé

Treinador: Paulo Sérgio

Golos: Feddal (27′), Nuno Santos (31′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ewerton (37′), a Henrique (49′), a Dener (90+2′)

Ora, na antevisão, de forma natural, Amorim foi também questionado sobre o elogio do antigo avançado do FC Porto. “O elogio é sempre bom. Ainda por cima, vindo de antigos jogadores. E de um grande jogador. Mas também importa saber o que ele disse sobre os outros clubes, Benfica e FC Porto, que também não vão desistir. Ainda há muito Campeonato. Eu não me foquei tanto nos elogios, foquei-me mais nas palavras que ele disse sobre os rivais”, garantiu o treinador leonino, que este sábado podia levar a equipa à sexta vitória consecutiva na Liga, algo que ainda não tinha conseguido desde o início da temporada.

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Para o fazer, porém, Rúben Amorim não contava com Paulinho. O grande reforço de inverno do Sporting não estava sequer na ficha de jogo da receção ao Portimonense em Alvalade, devido a uma lesão contraída num tendão durante o treino, e é desde já a maior dúvida para o Clássico da próxima jornada com o FC Porto. O avançado era substituído no onze por Nuno Santos: o ex-Rio Ave, que começou o encontro com o P. Ferreira no banco, voltava à titularidade e juntava-se a Tiago Tomás e Pedro Gonçalves no ataque, recuperando o trio ofensivo da primeira metade da época. Mais atrás, Gonçalo Inácio continuava a ser o terceiro central, parecendo cada vez mais que o jogador de 19 anos roubou o lugar ao experiente Luís Neto. Do outro lado, estava um Portimonense num bom momento, depois de uma goleada imposta ao Gil Vicente na semana passada, e com vontade de roubar pontos aos leões.

Leões que continuavam a misturar experiência com juventude, trintões com miúdos de 18 anos, e a obter resultados acima do esperado. “Há uma mescla de juventude com experiência. Quando as coisas estão mais sérias metemos o [Eduardo] Quaresma lá para o meio e aquilo fica mais alegre, quando é preciso gente mais séria pomos o João Pereira a falar com o grupo. Os resultados também ajudam e a união do grupo também. Nós temos um grupo muito experiente e a juventude torna o ambiente mais leve”, disse também Amorim na conferência de antevisão. Uma loucura, diriam uns. Ou, pegando nas palavras de Jackson e como escreveu Erasmo de Roterdão, o verdadeiro elogio da loucura.

Numa primeira parte marcada principalmente pela chuva intensa que não parava de cair e pela velocidade que imprimia no relvado, o jogo começou, precisamente, muito rápido. O Portimonense conquistou um pontapé de canto logo nos minutos iniciais e o Sporting, no contra-ataque, aproximou-se da baliza de Samuel pela primeira vez. O primeiro remate foi de Nuno Santos, que atirou para defesa do guarda-redes dos algarvios depois de uma recuperação de bola de Nuno Mendes (6′), Pedro Gonçalves poderia ter ficado isolado só que falhou o domínio (10′) mas a verdade é que, de uma forma global, era a equipa de Paulo Sérgio que ia estando mais tempo no meio-campo adversário.

À chegada aos 20 minutos, o Portimonense conquistou três pontapés de canto consecutivos e ia criando perigo principalmente através de Beto, a referência ofensiva, que dava muito trabalho aos centrais leoninos. Nas alas, tanto Boa Morte como Henrique mantinham o equilíbrio estrutural da equipa e apareciam a tirar cruzamentos, sendo muitas vezes os responsáveis por lançar o contra-ataque. Os algarvios apareciam em Alvalade com a lição estudada, tanto a nível ofensivo como defensivo, e iam obrigando os leões a ter alguma cautela e parcimónia na hora de atacar, apostando principalmente na profundidade e nas transições rápidas depois de recuperações de bola. Depois desse período de maior superioridade do Portimonense, a equipa de Rúben Amorim procurou dar resposta e ter mais bola, com Tiago Tomás a falhar por centímetros um desvio certo a um cruzamento de Feddal (22′). Foi nesta altura, de resposta à exibição positiva do adversário, que o Sporting acabou por chegar ao golo.

Pedro Gonçalves bateu para a área um livre descaído na esquerda, Coates fez um primeiro desvio de cabeça e Feddal apareceu a finalizar: primeiro para defesa por instinto de Samuel e depois, na recarga, para dentro da baliza (27′). O central que chegou a Alvalade no verão estreava-se a marcar nos leões e abria o marcador de um jogo que estava algo complicado. Logo depois, sem grande tempo para respirar, a dupla de centrais do Portimonense cometeu dois erros consecutivos, abriu a porta à recuperação de Nuno Santos e viu jogador ex-Rio Ave, já na grande área e quando todos esperavam a assistência para Tiago Tomás, rematar de pé esquerdo para o poste mais próximo (31′).

Até ao intervalo, os algarvios ainda tiveram uma boa reação à desvantagem: Beto atirou por cima na cara da baliza depois de um cruzamento de Henrique (33′) e Dener teve um golo anulado, já que desviou para marcar quando estava em posição de fora de jogo na sequência de um livre batido na direita (35′). Mesmo no final da primeira parte, Paulo Sérgio foi forçado a fazer uma substituição, já que teve de lançar Luquinha para o lugar do lesionado Ewerton. Ao intervalo, o Sporting estava a ganhar de forma justa, apesar dos sinais positivos dados pelo Portimonense, mas tinha de manter os índices competitivos muito altos para não ser surpreendido durante o segundo tempo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Portimonense:]

O Sporting voltou para a segunda parte com um claro objetivo: chegar ao terceiro golo, fechar a partida e começar a gerir o resultado, entre substituições e posse de bola, já a pensar no Clássico com o FC Porto na próxima jornada. Nuno Mendes teve uma boa oportunidade, com um remate ao lado na sequência de uma recuperação de bola de Nuno Santos (48′), e o Portimonense mostrava maiores dificuldades para chegar à baliza de Adán. Nos leões, o grande pêndulo era o do costume: João Palhinha, que este sábado aparecia principalmente em tarefas defensivas e sempre com um caráter muito batalhador. Até porque, com o passar dos minutos, entre a chuva persistente e os travões que a relva já colocava à bola, o jogo parecia cada vez mais uma batalha campal.

À chegada à hora de jogo e a inexistência do procurado terceiro golo levou o Sporting a mudar de estratégia. Os leões recuaram, juntaram os setores, Porro e Mendes passaram a ser mais laterais do que alas e a equipa estava principalmente preocupada com a defesa do resultado. O Portimonense ia tentando romper pelo último terço adversário mas com pouco critério e discernimento e o Sporting, muito seguro defensivamente, não oferecia grandes espaços. Paulo Sérgio mexeu nesta altura, ao trocar o fatigado Henrique por Salmani, e Rúben Amorim respondeu ao lançar Jovane para o lugar de Tiago Tomás.

Até ao fim, já pouco aconteceu. O jogo caiu a pique em termos de qualidade, até devido às condições do relvado — a chuva não deu tréguas e a relva começou a ficar pesada e perigosa –, e o Sporting controlou as ocorrências com alguma naturalidade. Bruno Tabata, Matheus e Bragança ainda entraram, sendo que o primeiro enfrentou a antiga equipa, Pedro Gonçalves teve dois remates perigosos (70′ e 74′), Jovane também ficou perto do golo (79′), Beto cabeceou para defesa de Adán (83′) mas o resultado não voltou a alterar-se.

O Sporting somou a sexta vitória consecutiva para a Primeira Liga, algo que ainda não tinha alcançado esta temporada, e garantiu desde já que vai manter as distâncias para os principais rivais na antecâmara do Clássico no Dragão com o FC Porto. João Palhinha foi novamente exímio, Feddal e Nuno Santos fizeram a diferença, Tiago Tomás fez um jogo de enorme sacrifício — mas é Rúben Amorim quem merece todos os elogios. O verdadeiro elogio da loucura para quem juntou experiência e juventude, trintões e miúdos de 18 anos, e achou que podia resultar. Porque resultou.

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