Barcelona, Girona e Tarragona estão esta segunda-feira novamente a ser cenário de manifestações em favor da libertação do rapper espanhol Pablo Hasél, protestos que, até às 21h00 locais (20h00 em Lisboa), decorreram sem incidentes e também com menor adesão.

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No sétimo dia de protestos, a chuva apareceu em Barcelona, o que obrigou os primeiros grupos de manifestantes que se encontravam junto do Arco do Triunfo a procurar refúgio sob o monumento.

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Segundo dados da polícia de Barcelona, a marcha reuniu cerca de 700 pessoas.

Após as habituais atuações de outros rappers, os manifestantes começaram a dirigir-se depois em direção à Estação de França e, daí, percorreram parte da cidade a pé até à esquadra da polícia nacional, próximo da Via Laietana, onde permaneceram por algum tempo.

Nesse período, alguns manifestantes começaram a insultar a polícia e a atirar objetos, como garrafas, a vários agentes, o que levou a polícia regional catalã (Mossos d’Esquadra) a alertá-los para o facto de que, se assim continuassem, teriam de intervir.

Em Girona, e segundo a polícia local, cerca de 200 pessoas manifestaram-se para protestar contra a detenção de Hasél, sem se terem registado incidentes.

A concentração inicial começou na praça 1 de outubro, de onde os participantes seguiram para a zona dos tribunais, tendo sido “recebidos” por um cordão policial que protegia o edifício.

Mais tarde, a marcha chegou à delegação da Generalitat de Girona, onde foi lido um manifesto com palavras de ordem em que se indicou que a mobilização vai continuar nos próximos dias em favor de uma “mudança real” e de apoio a Hasél com a frase “rap não é crime“.

No centro de Tarragona, cerca de uma centena de pessoas reclamou também a liberdade para o cantor, em protestos que decorreram também sem incidentes e que terminou com uma queima de fotografias do rei emérito espanhol, Juan Carlos, e do atual soberano, Felipe VI.

Vocês, Bourbons, são ladrões. Liberdade para Pablo Hasél” e “Solidariedade é a nossa melhor arma. Juntos vamos derrubar o regime” foram as palavras de ordem nalgumas das faixas trazidas pelos manifestantes.

Nos anteriores seis dias de mobilizações, os Mossos d’Esquadra e a polícia local prenderam 109 pessoas em protestos que, nalguns casos, degeneraram em violência, tendo sido contabilizados mais de 100 feridos, 91 deles polícias catalães.

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Uma manifestante perdeu um olho, em consequência de um disparo feito por agente da polícia.

Pablo Hasél, detido na passada terça-feira na Universidade de Lérida, tornou-se um símbolo da liberdade de expressão em Espanha, depois de ter sido condenado a nove meses de prisão por, segundo a acusação, insultar as forças de ordem espanholas, glorificar o terrorismo e injuriar a monarquia.

Os factos pelos quais o rapper foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças de ordem espanholas de tortura e de homicídios.

Na segunda-feira da semana passada, Pablo Hasél barricou-se na Universidade de Lérida, a sua cidade natal, na companhia de um grupo de apoiantes, mas a polícia catalã conduziu-o à prisão na manhã seguinte, para começar a cumprir a pena.

As manifestações em Barcelona começaram ao fim da tarde desse dia, mas a condenação de Hasél a uma pena de prisão provocou uma onda de protestos em Espanha.