Um estudo publicado na segunda-feira revelou que as células possuem estruturas que funcionam como autoestradas para transportar substâncias e que podem ser usadas pelos vírus se houver infeção, mas um novo fármaco poderá inibir esse transporte.

O estudo que envolveu a maior instituição pública dedicada à pesquisa na Espanha, o Conselho Superior de Pesquisas Cientificas (CSIC) e publicado esta segunda-feira pelo Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS) identificou uma nova forma farmacológica na tubulina, uma proteína que faz parte das estruturas que transportam substancias nas células, chamadas microtúbulos.

A descoberta de uma nova forma farmacológica na proteína que faz parte daquelas vias de transporte pode contribuir para o desenvolvimento de medicamentos.

Esta identificação, a partir de um novo composto de origem natural de algas verdes-azuis (cianobactérias), “pode contribuir para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento do cancro, da doença de Alzheimer e infeções virais emergentes”, explicou o CSIC em comunicado.

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Os microtúbulos são estruturas intracelulares que funcionam como vias celulares para o transporte de substancias, vesiculas e até vírus, no caso de uma célula ser infetada.

Os pesquisadores acreditam que a desestabilização farmacológica dos microtúbulos contribuiria para evitar a geração de fábricas virais na célula”, pode ler-se ainda no documento,

O trabalho, no qual participaram o Centro de Pesquisas Biológicas Margarita Salas (CIB-CSIC) e o Centro de Produtos Naturais, Descoberta e Desenvolvimento de Medicamentos da Flórida (EUA), inclui o procedimento de caracterização de um produto natural, obtido a partir de cianobactérias, que impede a ativação da tubulina.

Como a proteína é inativada, os microtúbulos também não se podem formar, o transporte intracelular é bloqueado e, o mais importante, a separação dos cromossomas é evitada durante a divisão celular”, explicou Marian Oliva, do CIB-CSIC e uma das autoras do estudo.

A tubulina, proteína que faz parte dos microtúbulos, é um dos alvos de maior sucesso para o descobrimento de fármacos contra as doenças virais, neurológicas ou o cancro.

Até ao momento, foram identificados seis sítios que promovem a estabilização ou desmontagem dos microtúbulos, aos quais é acrescentado o agora localizado através desta investigação.

Cada alvo farmacológico dentro da tubulina modifica o seu funcionamento de forma diferente.

Encontrar um novo alvo implica ter um novo leque de possibilidades, com a opção de poder encontrar medicamentos que, sem serem tóxicos, são eficazes no tratamento de doenças”, concluiu Oliva.