Nos últimos meses, os gigantes do entretenimento audiovisual têm mudado e diversificado as suas estratégias. Muitas estreias que iriam para o cinema vão diretas para os serviços de streaming – ou estreiam-se simultaneamente – e há também muitas estreias de séries que foram repensadas para o atual contexto. A Disney, por exemplo, foi obrigada a repensar toda a sua estratégia para a quarta fase do Universo Cinematográfico da Marvel.

E é da Disney que se fala. Esta terça-feira, 23 de fevereiro, chegam uma série de novos conteúdos ao serviço de streaming da companhia. A Disney já tinha deixado claro que queria dominar o espaço familiar e com a inclusão dos conteúdos Star deixa isso ainda mais marcado: o Disney+ não é só para ver “em família”, é para “toda a família”, defendem os responsáveis. O Star é como um novo ramo do Disney+, onde se incluem séries e filmes mais virados para os adultos (ou seja, menos virado para o contexto familiar) que a Disney detém e que estão presentes noutras plataformas, como ABC, Hulu, FX ou Freeform.

Muitas das estreias que chegam com o serviço a Portugal não são propriamente frescas, algumas já têm mais de um ou dois anos, mas são inéditas entre nós. Muito do catálogo também já é conhecido pelos portugueses (sobretudo se são adeptos dos canais da Fox), mas o futuro próximo augura conteúdos frescos e exclusivos, como a série “Y: The Last Man”, “Dopesick”, “American Horror Stories” ou uma nova série do clã Kardashian.

Com o aumento da oferta – em séries e filmes – vem também um novo preço para o Disney+: passa a custar 8,99 euros mensalmente (mais dois euros) ou 89,90 no plano anual. Preocupado com o que as crianças podem ver? Nada a recear. Com os novos conteúdos vêm também novas ferramentas de controlo parental. Eis algumas das coisas que pode ver – e esperar ver – no Star, através do Disney+.

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Disponíveis a 23 de fevereiro

“Big Sky”. Nos últimos tempos o nome de David E. Kelley tem sido associado a séries da HBO, como “Big Little Lies” e “The Undoing”. A primeira temporada deste “Big Sky” tem nove episódios (e uma segunda estreará em breve, com os sete episódios finais) e anda à volta de detetives privados que procuram o rasto de uma série de mulheres que foram raptadas.

“Helstrom”. É um pouco estranho ver séries da Marvel no catálogo do Disney+ sem que façam parte do Universo Cinematográfico daquela casa de super heróis. Mas ainda há casos assim, como este “Helstrom, inspirado nas personagens Daimon e Satana Helstrom, irmãos e filhos de um assassino em série. A série não teve uma grande recepção e irá ficar-se apenas pelos dez episódios que a partir de agora vamos poder ver.

“Love, Victor”. Tudo começou com um livro, “O Coração de Simon Contra o Mundo”, de Becky Albertalli, em 2015; depois veio o filme, “Love, Simon”, em 2018, assinado por Greg Berlanti; agora é a vez da série. “Love, Victor” é um spin-off em volta de uma personagem (Victor, interpretado por Michael Cimino) que, face aos novos desafios, relacionados com uma nova casa, novos amigos e a sua orientação sexual, pede auxílio a Simon para o orientar no difícil ringue que é a escola secundária. Bom conteúdo juvenil.

“Solar Opposites”. Já que se fala em mudanças, lembremo-nos que podem ser coisas complicadas. Um parceiro é arrastado pelo outro e os miúdos por vezes não se adaptam à nova escola. Esta é a premissa de “Solar Opposites”, a nova série animada de Justin Roiland, um dos criadores de “Rick And Morty”. Há twist, claro que há twist: a família representada é extraterrestre e vieram parar à Terra em modo sobrevivência. Há quem goste do que se passa por cá e há quem não goste mesmo nada e só pensa em sair.

Para breve

“Dopesick”. Mini-série que se estreará ainda este ano e que faz parte dos conteúdos originais da Hulu que chegarão ao Disney+. Esta série de ficção, que conta com Michael Keaton, Peter Sarsgaard, Kaitlyn Dever e Rosario Dawson, conta uma história em volta de como o consumo de opiáceos sintéticos se tornou um problema junto de antigas comunidades mineiras norte-americanas.

“Godfather of Harlem”. Forest Whitaker interpreta Bumpy Johnson, um gangster que tenta reconquistar o seu bairro à máfia italiana, na década de 1960. A história é baseada em factos reais, a série tenta também concentrar-se na luta dos direitos civis e na relação de Bumpy com Malcolm X. A primeira temporada chega a Portugal a 12 de março. A segunda – que está prometida para abril – não deverá demorar a estrear também.

“The Dropout”. Lembra-se de Elizabeth Holmes? Aquela jovem com uma empresa chamada Theranos que prometeu uma tecnologia que iria revolucionar as análises de sangue e o rastreio de doenças? É agora alvo de uma mini-série, inspirada num podcast de Rebecca Jarvis sobre a ascensão e queda de um mito de Silicon Valley.

“The Old Man”. Jeff Bridges e John Lithgow encontram-se no pequeno ecrã numa adaptação do romance de Thomas Perry sobre um ex-agente da CIA (Bridges) que é agora perseguido e tem de ir vasculhar o passado para conseguir sobreviver.

“Y: The Last Man”. Foi uma daquelas criações de início de século, da mesma fornada de “The Walking Dead”, com um sentido muito original sobre um mundo apocalíptico: segue as aventuras de um homem – e o seu macaco de estimação – que é o único espécime masculino sobrevivente num mundo dominado pelas mulheres. Há muito que se espera por esta adaptação para televisão do universo que Brian K. Vaughan. Parece que irá ser mesmo neste ano.

Bons reencontros

“Donas de Casa Desesperadas”. Entre 2004 e 2012, esta criação de Marc Cherry e as suas protagonistas, interpretadas por Teri Hatcher, Felicity Huffman, Maria Cross e Eva Longoria, foram uma lufada de ar fresco no contexto de drama por atacado, uma boa dinâmica entre humor e thriller, que sabia encaixar emoção e divertimento em 45 minutos. São oito temporadas que se veem num instante.

“Firefly”. A série criada por Joss Whedon em 2002 é um dos maiores fenómenos para produções com apenas uma temporada (e que não teve grande sucesso). “Firefly” é – ainda – uma grande “space-opera”. Não foi alvo de compreensão, é apenas obra de nicho. Continua divertida, empolgante e um dos melhores westerns no espaço de que há memória. Se é fã de Whedon, vai gostar de saber que todas as temporadas de “Buffy – Caçadora de Vampiros” também estarão disponíveis no Disney+.

“Family Guy”. Este serviço de streaming já tinha “The Simpsons”. Agora é a vez de se juntar outra família muito famosa da animação norte-americana, os Griffin e toda a sua vizinhança – e não só. Não é a única série de Seth MacFarlane que chega agora ao Disney+, o spin-off de “Family Guy”, “The Cleveland Show”, também se junta à biblioteca.

“The Killing”. Adaptação norte-americana da série nórdica “Forbrydelsen”, “The Killing” continua a ser uma das melhores e piores séries policiais norte-americanas de que há memória. Melhor, porque a primeira temporada (até aos seus cinco minutos finais) é realmente fantástica, uma espécie de “Twin Peaks” para novas audiências. Pior, porque o desejo de espremer o sumo do seu sucesso levou a duas péssimas temporadas logo a seguir (mas, surpresa, volta a ser fantástica na quarta temporada).

“Perdidos”. Com vontade de sair de casa, apanhar um avião e cair numa ilha com um grupo de estranhos? Pode ser difícil, mas “Perdidos” ainda continua a ser boa televisão de escape. Ainda é um dos maiores fenómenos culturais deste século e visitar – ou revisitar – esta misteriosa ilha é um bom plano para as semanas de confinamento que faltam.