A gigante farmacêutica AstraZeneca anunciou que poderá fabricar na União Europeia apenas metade das doses que deve fornecer à UE no segundo semestre do ano e que produziria o restante das doses prometidas aos europeus em outros lugares. Esta é uma reação à notícia divulgada na terça-feira pela Reuters e que, citando fonte europeia, indicava que a AstraZeneca apenas iria conseguir entregar metade das doses previstas – mas a farmacêutica vem, assim, insistir que o objetivo se mantém.

A AstraZeneca “está a trabalhar para aumentar a produtividade na sua cadeia de abastecimento na UE” e usará “a sua capacidade global para garantir a entrega de 180 milhões de doses à UE no segundo semestre do ano”, disse à Agência France Prece (AFP) um porta-voz do grupo anglo-sueco. “Cerca de metade do volume esperado deve vir da cadeia de abastecimento da UE” e o resto virá da rede internacional da empresa, afirmou o porta-voz.

Na terça-feira, citando declarações de uma fonte da UE, a agência Reuters indicava que a farmacêutica apenas iria entregar à Europa menos de 90 milhões de doses da sua vacina neste segundo trimestre. A confirmar-se, isto corresponderia a metade dos 180 milhões de doses que estavam previstos no contrato.

A informação foi transmitida à agência Reuters por fonte europeia que está envolvida nas negociações com a AstraZeneca e surgiu na sequência de também neste primeiro trimestre a farmacêutica não ter cumprido as metas a que se tinha proposto – chegarão nestes primeiros três meses do ano cerca de 40 milhões de doses, também cerca de metade dos 90 milhões previstos.

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A Reuters citava, também, um documento do governo alemão que indica que há uma expectativa de que a AstraZeneca consiga no terceiro trimestre acelerar a produção e compensar parcialmente as entregas que estavam previstas para a primeira metade do ano. Mas quem está envolvido neste processo, segundo a Reuters, tem muitas dúvidas de que seja “realista” que se recupere o terreno perdido, já que a empresa tem feitos alterações sucessivas do calendário de entregas.

O anúncio ocorre após uma polémica sobre as entregas da vacina AstraZeneca-Oxford à União Europeia no primeiro trimestre deste ano, o que gerou tensões entre a UE e o grupo farmacêutico. Antes da aprovação da vacina pela UE, no final de janeiro, a empresa gerou polémica entre os líderes da UE ao anunciar que não seria capaz de cumprir a meta de entregar 400 milhões de doses à União Europeia por falta de meios de produção.

O caso também causou tensão diplomática com a Grã-Bretanha, que deixou o bloco europeu, com Bruxelas implicitamente a acusar a AstraZeneca de reservar tratamento preferencial à Grã-Bretanha em detrimento da UE. O governo do Reino Unido já imunizou milhões de pessoas com a vacina AstraZeneca desde o final de 2020. Mas a empresa não começou a distribuir na UE até o início deste mês, depois de o regulador europeu de medicamentos ter aprovado o uso da vacina.

Na UE, existem de momento três vacinas aprovadas contra a Covid-19: a da Pfizer-BioNtech, Moderna e AstraZeneca.