Duas equipas de investigadores norte-americanos identificaram uma nova variante do coronavírus em Nova Iorque, a B.1.526, que terá sido detetada pela primeira vez em novembro, noticiou o jornal The New York Times.

Há duas versões da variante de SARS-CoV-2 que os investigadores da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) incluem na designação de B.1.526: uma com a mutação E484K, que ajuda o vírus a escapar aos anticorpos e já foi identificada na variante sul-africana (B.1.351) e na variante brasileira (P.1 ou B.1.1.248); outra com a mutação S477N, que pode afetar a força da ligação entre o vírus e as células humanas.

“O conjunto de mutações mais comuns que afetam a proteína spike nesta nova linhagem (agora designada B.1.526) são L5F, T95I, D253G, E484K ou S477N, D614G e A701V. Esta linhagem apareceu no final de novembro de 2020 e representa cerca de 25% dos genomas de coronavírus sequenciados e registados em Nova Iorque em fevereiro de 2021“, escrevem os investigadores da Caltech num artigo em pré-publicação (não revisto por cientistas independentes).

Outras mutações de interesse são: a D253G, que permite escapar aos anticorpos gerados contra uma parte específica da proteína spike (a região N-terminal); e a A701V que também está presente na variante sul-africana. A grande preocupação é que estas mutações tornem as vacinas atuais contra a Covid-19 menos eficazes.

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A Universidade Columbia, em Nova Iorque, por sua vez, sequenciou 1.142 amostras de doentes do centro médico da universidade (ou seja, leu os genes do vírus) e verificou que 12% das pessoas, com várias origens na área metropolitana, tinham uma variante com a mutação Erik (E484K). Além disso, encontraram seis casos da variante britânica, dois da variante brasileira e um da variante sul-africana. Foi a primeira vez que Nova Iorque identificou casos destas duas últimas variantes, que têm ambas a mutação Erik.

Michel Nussenzweig, imunologista na Universidade de Rockefeller, não esteve envolvido nos estudos, mas confessa-se mais preocupado com esta nova variante em Nova Iorque do que a que se tem espalhado rapidamente na Califórnia (CAL.20C ou B.1.429).

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Os Estados Unidos não podem, no entanto, desvalorizar o facto de a variante britânica (B.1.1.7) já ter sido identificada em 45 estados (e duas mil sequências genéticas) e poder tornar-se a variante predominante no país até ao final de março.