Os 204 quilómetros feitos na ilha de Al Marjan foram preparados pela Deceuninck Quick-Step, à semelhança das outras equipas, para uma chegada ao sprint e a quarta etapa da Volta aos Emirados Árabes Unidos (EAU) terminou mesmo da melhor forma, com Sam Bennett a fazer prevalecer a sua experiência perante o holandês David Dekker, uma das boas surpresas da prova e que ficou com a camisola verde dos pontos. Missão cumprida, dia encerrado, hora de preparar a tirada mais dura da corrida, numa ligação entre a cidade de Fujairah e Jebel Jais com chegada a subir nos últimos 20 quilómetros e uma inclinação média inferior à de Jebel Hafeet mas com uma extensão que iria colocar à prova o momento dos principais candidatos nesta fase precoce da temporada. E era neste contexto que o português João Almeida voltava a assumir um dos principais papéis de protagonista.

Deceuninck vence etapa e João Almeida mantém terceiro lugar na Volta aos EAU antes da decisiva etapa de montanha

Depois de um arranque a deixar bons sinais naquela que é a primeira corrida de uma época que terá a aposta mais forte na Volta a Espanha, colocada no calendário entre o final dos Jogos Olímpicos e a antecâmara dos Mundiais, com João Almeida a subir ao quarto lugar da geral através das bonificações na primeira etapa e à segunda posição apenas atrás de Tadej Pogacar após o curto contrarrelógio na ilha de Al Hudayriat, a terceira etapa, entre Al Ain e Jebel Hafeet, teve o condão de mostrar o respeito crescente que o pelotão internacional tem pelo jovem corredor, numa estratégia onde Adam Yates fugiu, levou Pogacar consigo e trabalhou depois para criar um fosso em relação ao português mesmo sabendo que o esloveno está a um nível muito superior a todos os outros.

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No final, Pogacar reforçou a liderança na prova, Adam Yates subiu ao segundo lugar a 43 segundos do vencedor do Tour em 2020 e João Almeida desceu ao terceiro posto, a 20 segundos do britânico e a pouco mais de um minuto do esloveno. Ainda assim, e mesmo numa etapa dura em que deixou de contar cedo com Fausto Masnada e perdeu depois o apoio de Mattia Cattaneo, ficou no grupo perseguidor com Sergio Higuita, Emanuel Buchmann e Harm Vanhoucke e ganhou tempo a Chris Harper, numa margem que aumentou para 40 segundos. Era essa a fasquia que estava esta quinta-feira à prova: relativizando a questão da camisola preta da classificação das metas volantes, que liderou nos primeiros três dias mas que entretanto perdeu por um ponto para Tony Gallopin, João Almeida queria defender o lugar no pódio à espreita de uma eventual quebra de Adam Yates.

Com a equipa da Ineos a fazer grande parte da corrida, e com algumas quebras no pelotão mais precoces do que era esperado tal como aconteceu em Jebel Hafeet, a etapa começou verdadeiramente a três quilómetros do final, com Vincenzo Nibali a fugir para ir buscar Alexey Lutsenko, que esteve mais de dez quilómetros em fuga sozinho na frente até ser apanhado a menos de 1.000 metros do final. João Almeida, para não variar, deu espetáculo ao saltar para a frente quando Adam Yates começou a esboçar uma tentativa de fuga, dando o mote para um final com muita emoção com vitória para Jonas Vingegaard e quinto lugar para o português, na roda de Pogacar e Adam Yates que acabaram a três segundos do dinamarquês da Jumbo-Visma. Sergio Higuita ficou na quarta posição.

Na geral individual, e naquele que foi o ponto mais importante para João Almeida, a diferença para Tadej Pogacar (Team UAE Emirates) e Adam Yates (Ineos) subiu ligeiramente, passando para 1.12 minutos e 27 segundos, respetivamente, mas o terceiro lugar ficou reforçado, com 42 segundos de avanço sobre Chris Harper (Jumbo-Visma) e 44 em relação a Neilson Powless (EF Education). Ou seja, e tendo em conta o perfil das últimas duas etapas da Volta aos EAU, o português tem tudo para segurar o primeiro pódio numa corrida do World Tour.