A consultora Fitch Solutions considera que a produção de petróleo em Angola pode cair quase 20% até final da década, para 1 milhão de barris diários, se não forem feitos novos investimentos no setor petrolífero.

“Antevemos que a produção de petróleo em Angola decline a longo prazo, com a produção de petróleo, gás natural liquefeito e outros líquidos a contrair-se, em média, 2,2% ao ano até ao final da nossa previsão a dez anos, chegando a 1,03 milhões de barris diários em 2030”, dizem os analistas.

De acordo com uma análise ao setor petrolífero angolano, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escrevem que as reformas abrandaram e as companhias petrolíferas mudaram no seguimento da pandemia.

Em termos oficiais, a produção média de Angola durante 2020 foi de 1,277 milhões de barris por dia, sendo a previsão da Fitch Solutions para 2030 uma produção de 1,030 milhões de barris diários, o que representa uma queda de 19,3%.

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“Desde 2018, as reformas no gás e petróleo abrandaram e as companhias precisam agora de sinais concretos de mudança para desbloquearam investimentos substanciais para o setor de ‘upstream’ [busca e exploração de poços de petróleo] de Angola”, afirma-se no relatório.

Apesar da previsão a dez anos apontar para uma descida, a Fitch estima que neste e no próximo ano a produção deve aumentar 2% e 4,2%, respetivamente, apesar de ter reduzido a produção no ano passado.

O segundo maior produtor africano, atrás da Nigéria, Angola “tem reservas substanciais de petróleo, mas o maior potencial de exploração está nas águas profundas e ultraprofundas, o que requer a disponibilização de investimentos de alto custo e com elevado risco”.

Consequentemente, apontam os analistas da Fitch, “o ambiente de preços mais baixo e mais incerto significa que os projetos que aguardam a Decisão Final de Investimento estão em risco de sofrer atrasos ou serem completamente abandonados se os preços não subirem”.

Para sustentar a previsão de uma descida sustentada na produção de petróleo caso não haja um aumento significativo de novos investimentos, os analistas da Fitch Solutions salientam que “no seguimento do colapso dos preços do petróleo em 2020 e no significativo declínio na procura devido à pandemia de Covid-19, houve uma mudança nas estratégias de longo prazo das maiores companhias, fugindo aos projetos de alto risco com requisitos de capital intensivo e procurando dar prioridade aos projetos de baixo carbono”.

De acordo com os dados da OPEP, Angola registou, no ano de 2020, uma redução de 139 mil barris por dia face a 2019.