A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaia, visita Portugal entre quinta-feira e domingo, tendo previstos encontros com o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou este domingo a própria no Twitter.

“Anuncio a minha primeira visita a Portugal entre 4 e 7 de março. Teremos encontros com o primeiro-ministro, António Costa, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e com [o ex-presidente da Comissão Europeia] José Manuel Durão Barroso para discutir a crise na Bielorrússia e o apoio aos bielorrussos”, escreveu a dirigente oposicionista no Twitter.

À rádio TSF, na sexta-feira, a líder opositora afirmou que a visita a Portugal se justifica por Portugal presidir neste semestre à União Europeia (UE), o que “pode ser muito útil” para a situação na Bielorrússia.

Nessas declarações, Svetlana Tikhanovskaya afirmou não estar “desiludida” com a UE, apontando que a União “fez um grande trabalho em relação à Bielorrússia” ao não reconhecer a reeleição de Alexander Lukashenko, em agosto, mas disse precisar “tremendamente de apoio por parte da UE face aos abusos dos direitos humanos” no país.

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“Claro que queremos que as decisões da UE sejam mais corajosas e as declarações mais fortes e as ações mais ativas. Também entendo que a UE é uma máquina imensa e, por vezes, parece muito lenta. E o tempo na Bielorrússia é percecionado de forma diferente porque muitas pessoas inocentes estão nas prisões, há mil pessoas com acusações criminais por protestarem. Para essas pessoas, todos os dias são importantes”, afirmou.

“Portanto, é natural que queiramos decisões mais rápidas, não queremos que a Bielorrússia desapareça da agenda europeia. Para o povo bielorrusso, a UE é uma coisa fantástica e sabemos que a UE podia fazer muito mais do que fez, embora já tenha feito muito”, acrescentou.

O Conselho da UE decidiu na quinta-feira prorrogar, até fevereiro de 2022, as sanções aplicadas aos opressores na Bielorrússia e aos apoiantes do regime do presidente Alexander Lukashenko.

O organismo em que estão representados os 27 Estados-membros da UE precisou que as sanções visam altos funcionários responsáveis pela repressão violenta e intimidação de manifestantes pacíficos, de membros da oposição e de jornalistas na Bielorrússia, bem como os responsáveis por fraudes eleitorais, além de “agentes económicos, empresários proeminentes e empresas que beneficiam e/ou apoiam o regime de Alexander Lukashenko”.

Estas medidas restritivas traduzem-se na proibição de viajar para a UE e no congelamento de bens para pessoas constantes da lista, num total de 88 pessoas, incluindo o próprio Alexander Lukashenko.

A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 9 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.

A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos têm saído às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.

A principal figura da oposição, Svetlana Tikhanovskaia, reivindica a vitória nas presidenciais e acusa o Governo de fraude eleitoral. A UE não reconhece os resultados das eleições bielorrussas de agosto.