O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales anunciou, esta segunda-feira, que o intervalo entre as doses da vacina da Pfizer/BioNTech pode ser de 28 dias em vez dos 21 dias inicialmente previstos — e conforme as orientações da farmacêutica e da Agência Europeia do Medicamento. Lacerda Sales diz que a medida vai permitir a vacinação de “mais 100 mil pessoas até ao final de março”.

Na passada quarta-feira, o coordenador da task force do Plano de Vacinação Covid-19, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, disse na Comissão de Saúde da Assembleia da República que tinha pedido à DGS e ao Infarmed para avaliar a possibilidade de adiar a segunda toma da vacina da Pfizer até duas semanas.

A ideia era que, com este adiamento, para idosos com mais de 80 anos, fosse possível administrar a primeira dose a mais de 200 mil idosos destas idades até ao final de março. O alargamento do intervalo, agora anunciado, será para este grupo e para todas as pessoas que venham a tomar a vacina da Pfizer/BioNTech, confirmou a DGS.

Adiamento da segunda dose permite vacinar mais 200 mil idosos até fim de março

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A Comissão Técnica de Vacinação contra Covid-19 da DGS já tinha dito, em janeiro, que a segunda dose, tanto da vacina da Pfizer/BioNTech como da Moderna, podia ser adiada até seis semanas sem que isso tivesse impactos negativos no processo de vacinação — e porque havia escassez de vacinas no país. Ao Observador, na quinta-feira, Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e membro da Comissão Técnica, disse que se mantinha o parecer favorável.

Quando, em janeiro, a Comissão Técnica de Vacinação contra Covid-19 tinha sugerido que se adiasse a segunda dose, a ideia foi rejeitada pelo então o coordenador da task force do Plano de Vacinação Covid-19, Francisco Ramos.

Há risco em adiar a segunda dose da vacina? O que dizem os especialistas e as farmacêuticas e o que se faz noutros países

As farmacêuticas têm dito que só podem aconselhar aquilo que se baseia nos ensaios clínicos que realizaram: um intervalo de 21 dias para a vacina da Pfizer/BioNTech e de 28 para a vacina da Moderna. Mas um estudo escocês, relacionado com a campanha de vacinação que está em curso, concluiu que uma dose da vacina reduziu substancialmente o risco de internamentos relacionados com a Covid-19 na Escócia.

O estudo, que ainda não foi revisto por cientistas independentes, concluiu que a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech estava associada a 85% de eficácia na redução dos internamentos ao fim de 28 a 34 dias após a toma e que a primeira dose da vacina da AstraZeneca estava associada a 94% de eficácia no mesmo período. Em ambos os casos, este período representa o pico de eficácia, sendo que a eficácia da vacina da Pfizer/BioNTech caiu para 66% após o 35.º dia.