Uma hora de visita às instalações do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e mais uma à conversa longamente com a presidente do conselho de administração e o diretor do serviço de doenças infecciosas do hospital, Fernando Maltez. E depois disso, tanto o primeiro-ministro como a ministra da Saúde alinharam uma mensagem pouco otimista, ainda que os números diários de contágios e internamentos continuem a melhorar. António Costa pede mesmo “enorme disciplina e contenção”.

Numa declaração sem direito a perguntas, o primeiro-ministro fez o balanço deste ano de Covid-19 em Portugal, agradeceu aos profissionais de saúde, mas sobretudo acentuou a necessidade de manter o confinamento como está e cumprido por todos. “Bem sei que é duro para todos, mas se queremos mesmo apoiar estes profissionais a dar o seu melhor, a única coisa que podemos fazer é mesmo uma enorme disciplina na contenção”, afirmou.

Na memória bem recente estão os cerca de 300 mortos por dia registados nesta terceira vaga da pandemia e o primeiro-ministro que tem pedido renovações consecutivas do estado de emergência desde o início de novembro do ano passado quer agora evitar a todo o custo que se repita. “A ideia que as tragédias não se repetem é falsa, elas repetem-se quando os seres humanos repetem os comportamentos que levam a essas tragédias”, disse Costa lembrando esse passado.

O primeiro-ministro está, por esta altura, a estudar o plano de desconfinamento, que deverá ser aplicado essencialmente depois da Páscoa, e que vai apresentar a 11 de março, dentro de uma semana. Até lá, Costa vai apelando ao “sentido cívico”, a partir da unidade de saúde que mais doentes Covid-19 recebeu até agora e também onde mais pessoas morreram devido à mesma doença. O Curry Cabral foi o primeiro hospital a levantar uma ala Covid e o primeiro, em Lisboa, a receber os primeiros pacientes com a doença, de acordo com dados da própria instituição.

Também a ministra da Saúde — que falou antes do primeiro-ministro — tinha seguido pelo mesmo discurso de contenção, mas sobretudo pela homenagem aos profissionais de saúde: “Não podemos deixar de nos emocionar com a capacidade dos nossos profissionais de saúde”, diz Marta Temido que revela que hoje, passado um ano, quando olha para “o espelho retrovisor” sorri “com algumas das inocências” nos primeiros tempos do combate à pandemia.

Esta manhã, em entrevista à Antena1, Marta Temido avisou que “ainda” não há “condições” para falar de abertura das escolas, condicionando essa decisão a “um conjunto de circunstâncias”. O Governo está a estudar com os peritos as linhas vermelhas para confinar e desconfinar, tendo em conta as condições do país e a capacidade do seu Serviço Nacional de Saúde.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR