A forma como a vacinação está a decorrer no concelho de Lisboa e a falta de respostas da autarquia à Assembleia Municipal levaram o PSD a propor uma Comissão Eventual para “acompanhar e monitorizar o funcionamento do Plano Municipal de Vacinação”. Não se esquecendo das 126 doses de vacinas administradas depois da campanha de vacinação nos lares de idosos ou do momento em que o ACES de Lisboa Ocidental “ligou diretamente aos presidentes de junta de freguesia para que escolhessem 450 pessoas para serem vacinadas nas 48 horas seguintes”, Luís Newton diz ao Observador que o chumbo da proposta apresentada esta terça-feira deixa o PSD “mal impressionado”.

Além dos sociais-democratas, apenas CDS, MPT, PPM e o deputado independente Rodrigo Mello Gonçalves (ex-PSD) acompanharam a proposta do PSD, com a toda a esquerda a ser contra a criação da Comissão Eventual.

O presidente da junta de freguesia da Estrela diz ao Observador que neste momento “quase 80% das solicitações feitas à câmara municipal estão sem resposta”, o que deixa apenas às forças políticas a opção de interpelar o Executivo “através de comissões” e foi exatamente isso que procuraram fazer com esta nova Comissão Eventual. “É pelo facto de sentirmos que uma matéria tão importante está ao Deus-dará que importava ter aqui uma Comissão Eventual”, aponta o social-democrata.

Na reunião de Assembleia Municipal ouviram-se como justificações para o chumbo da proposta a já existência de uma comissão, a 2.ª Comissão (de Saúde), para o efeito, mas Newton aponta que não é sequer a Saúde que está a responsável pelo plano de vacinação municipal, mas sim a Proteção Civil municipal, que a autarquia articula depois com as juntas de freguesia. Os socialistas apresentaram essa mesma solução: ao invés da criação de uma comissão eventual, devia ser o vereador da saúde a fazer o acompanhamento do plano de vacinação, mas o PSD insistiu que não é a Saúde que está a “acompanhar ou coordenar”, mas sim a Proteção Civil.

O socialista Manuel Lage rejeitou que a Assembleia Municipal tivesse sequer “competência” para acompanhar a questão da vacinação, deixando para “uma das oito comissões permanentes” o acompanhamento do tema.

Podia ser a 8.ª Comissão — de Proteção Civil — a fazer o acompanhamento desse plano de vacinação, mas a presidir à comissão está um social-democrata e o PSD vê aí uma justificação para que tal não esteja a acontecer: “O PS e esquerda estão a tentar assegurar que a fiscalização não é presidida por uma força política presidida por alguém fora da geringonça municipal”.

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