Como descreveu o New York Times em meados de fevereiro, em Havana neste momento não há pão nem analgésicos e para comprar coisas tão simples como detergente é preciso estar em filas durante quatro horas, mas também há quatro vacinas contra a Covid-19 a serem desenvolvidas nos laboratórios do governo. Uma delas, a Soberana 02, deve receber, já durante o mês de março, luz verde do regulador farmacêutico cubano para entrar na terceira e última fase de testes, feitos com 42 mil voluntários cubanos e outros cem mil iranianos.

Se tudo correr bem, o objetivo do país — que, como o espanhol La Vanguardia recorda, já produz oito das 11 vacinas constantes do plano nacional de vacinação —, é produzir, só em 2021, 100 milhões de doses da Soberana 02. Dará para inocular os 11,3 milhões de habitantes da ilha caribenha — segundo a BioCubaFarma, a empresa estatal responsável pelo desenvolvimento das vacinas, cada cidadão ficará imunizado apenas depois de receber três doses, no período de um mês —; chegará para exportar, como já é hábito, para países amigos como Irão, Índia, Paquistão, Venezuela, Bolívia e Vietname; e sobrará ainda para inocular turistas que entretanto visitem o país.

Ao La Vanguardia, Helen Yaffe, economista da Universidade de Glasgow, especialista em Cuba e autora do livro “We are Cuba”, explicou que foi exatamente isso que apurou quando, em janeiro deste ano, esteve no país — “Vão oferecer vacinas a todos os turistas e visitantes da ilha”. De acordo com o New York Times, Vicente Vérez, um dos cientistas responsáveis pelo desenvolvimento da Soberana 02, já disse publicamente o mesmo — falta o Governo assinar por baixo.

Desde o início da pandemia, Cuba registou cerca de 50 mil casos de infeção pelo novo coronavírus — 38 mil deles já em 2021, depois de as viagens internacionais para a ilha, suspensas durante 7 meses, terem sido retomadas, contextualiza o diário americano. Ainda assim, graças a uma política agressiva de isolamento e tratamento (com um cocktail de medicamentos também de produção nacional), aliada ao rastreio exaustivo de contactos, os números são muito menos expressivos do que na vizinha República Dominicana, por exemplo. Em Cuba, graças à pandemia, morreram 324 pessoas. Na República Dominicana a contagem de óbitos por Covid-19 vai em 3.106 — e desde 2020 já foram registados cerca de 240 mil casos de infeção.

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