A chamada taxa de segurança alimentar mais (TSAM), criada em 2012 e cobrada às retalhistas, rendeu ao Estado mais de 64 milhões de euros em nove anos, mas o valor deveria ter sido de 100 milhões. A principal razão para essa diferença, segundo o Negócios, deve-se à recusa da Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) em pagar os montantes em falta.

O jornal avança que o valor cobrado no ano passado às retalhistas foi o mais baixo desde 2015 — o Estado apenas recebeu menos de cinco milhões dos 11,8 milhões faturados às empresas. Segundo a Direção-Geral de Atividades Veterinárias (DGAV), parte do valor em falta explica-se pela ausência de pagamento pela Jerónimo Martins. Outros fatores que explicam a redução são o facto de uma parte da faturação ter sido emitida no final de 2020, com os pagamentos a ocorrerem em 2021. Além disso, o Estado teve de devolver um milhão de euros cobrados após sentenças judiciais.

Jerónimo Martins recusa-se a pagar 20,7 milhões em dívida

De facto, algumas retalhistas têm impugnado na justiça o valor a pagamento, como o Continente ou o DIA. A DGAV garante que, nalguns casos, a decisão judicial de devolução dos montantes pagos se deveu a “irregularidades processuais” e que as sentenças “não determinam a inexistência ou extinção das obrigações dos operadores económicos relativamente ao pagamento da taxa”. Mais: defende que, “sanadas as irregularidades processuais”, a DGAV possa voltar a cobrar os valores.

Embora já tenha questionado o Governo, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) diz não ter conhecimento se o dinheiro teve o destino previsto na lei: “Financiar os custos referentes à execução dos controlos oficiais no âmbito da segurança alimentar, proteção animal e sanidade animal, proteção vegetal e fitossanidade”.

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