Mais de 16 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar no Iémen e a situação vai agravar-se devido ao bloqueio da entrada de combustível e ao fracasso no financiamento das operações de ajuda, alertou esta terça-feira uma agência da ONU.

Três navios com combustível permanecem desde o início do ano retidos defronte das costas do Iémen, aguardando autorização para a descarga.

Em paralelo, a conferência de doadores para o Iémen, organizada na segunda-feira pela ONU, foi concluída com resultados dececionantes.

Nessa reunião, os países doadores comprometerem-se a disponibilizar uma verba de 1,7 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros), menos do recebido em 2020 e menos mil milhões de dólares (820 milhões de euros) face ao garantido em 2019.

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Em comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a redução da ajuda face aos anos anteriores e advertiu que poderá implicar uma “sentença de morte” para muitos iemenitas.

Na atual situação, e para além dos problemas provocados pela falta de combustível, calcula-se que cerca de 50.000 pessoas estão com fome, cinco milhões à beira da fome, e 11 milhões com graves problemas para garantirem alimentos.

A escassez de combustível implica que a população não consiga aceder aos centros de saúde, hospitais ou mercados, com filas de pessoas até três dias para conseguir gasolina para os veículos, e com a alternativa do mercado negro onde os preços são 180% mais elevados.

A situação também coloca em risco o funcionamento das infraestruturas que disponibilizam água potável e eletricidade.

Segundo a agência da ONU Programa Alimentar Mundial, o aumento do preço dos combustíveis implica uma forte subida dos preços dos produtos alimentares.

Milhões de crianças, mulheres e homens no Iémen necessitam desesperadamente de ajuda para viver”, assinalou Guterres, que pediu mais ajuda aos doadores e manifestou a esperança de que os 1,7 mil milhões de dólares sejam uma “antecipação” de uma verba muito superior.