Pelo menos três manifestantes, incluindo um menor, foram mortos esta quarta-feira, e vários ficaram feridos, por tiros das forças de segurança na região de Mandalay, num novo dia de protestos em Myanmar contra a junta militar.

Um adolescente morreu após ter sido baleado na cabeça na cidade de MyanGyan, enquanto outros dois manifestantes, um homem e uma mulher, morreram de ferimentos de bala em Mandalay, confirmaram membros das equipas de emergência à agência noticiosa espanhola Efe.

Por seu turno, a agência France-Presse (AFP) dava conta de seis mortos, citando um socorrista e um médico.

As manifestações de rejeição do golpe militar de 01 de fevereiro continuam em todo o país, esta quarta-feira, apesar da brutal repressão policial, que só no domingo fez 20 mortos, a maioria dos quais alvejados pela polícia.

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Myanmar. 18 mortos em manifestações pró-democracia

As autoridades reprimiram novamente, na quarta-feira, os protestos em Rangum, a antiga capital e a cidade mais populosa, com gás lacrimogéneo, balas de borracha e granadas atordoantes.

Os manifestantes exigem que o exército, que governou o país com punho de ferro ininterruptamente de 1962 a 2011, restaure a democracia, reconheça os resultados das eleições de novembro e liberte todos aqueles que foram detidos pelos militares.

Aung San Suu Kyi detida por militares que declaram estado de emergência e assumem o poder durante um ano

Desde a revolta militar, pelo menos 1.294 pessoas foram detidas, incluindo a líder deposta do Governo, Aung San Suu Kyi, de acordo com os últimos números da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) em Myanmar, acrescentando que já foram libertadas 306 pessoas.

Mais seis jornalistas de Myanmar (ex-Birmânia), incluindo um fotojornalista da agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), foram acusados de violar uma lei de ordem pública recentemente alterada pela junta militar, disse hoje o advogado de um dos acusados.

Os jornalistas são particularmente visados: 34 foram detidos desde 01 de fevereiro, 19 dos quais ainda se encontram detidos, de acordo com uma ONG que presta assistência aos presos políticos.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Malásia, Filipinas e Singapura condenaram na terça-feira o uso da força letal pelas autoridades birmanesas para reprimir o movimento de oposição pacífica.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros, reunidos por videoconferência durante uma sessão informal da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na qual participou a ministra dos Negócios Estrangeiros nomeada pela junta militar birmanesa, Wunna Maung Lwin, apelaram ao exército para procurar uma solução para a crise política através do diálogo.