Quase duas décadas depois, e num contexto completamente diferente, Carlos Carvalhal vai voltar a uma final da Taça de Portugal. Pelo meio, o antigo treinador do Leixões, então na 2.ª Divisão B mas capaz de desafiar o campeão Sporting de Jardel e companhia num jogo que terminou com o triunfo leonino pela margem mínima, já passou por mais de dez clubes, ganhou experiência no estrangeiro na Grécia e na Turquia, conseguiu deixar uma grande imagem na Premier League (onde um dia quer regressar), voltou com uma grande campanha no Rio Ave e está agora a fazer uma temporada de exceção pelo Sp. Braga, “premiada” com a segunda final da época.

Sérgio e as palavras que Lucas Piazon levou (a crónica do FC Porto-Sp. Braga)

Naquela que foi a primeira vitória do técnico diante do FC Porto como visitante, e que confirmou esta versão dos minhotos como aquela que mais golos consegue marcar (79 em 38 jogos e a contar…), o Sp. Braga assegurou a sua sétima final da Taça de Portugal e a oitava decisão nos últimos dez anos, provando o crescimento sustentado que o clube tem conseguido este século mesmo estando limitado com várias lesões como as de Iuri, Francisco Moura, David Carmo, Sequeira ou Castro, entre outros. Por tudo isto, e pela capacidade que a equipa demonstrou mesmo reduzida a dez, Carvalhal era um treinador realizado com a prestação da equipa mas com a curiosidade de, já na conferência de imprensa, ter deixado a forma como o conjunto minhoto joga para… os analistas.

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“Antes mais, quero dizer que já não tenho palavras para os meus jogadores, por toda a atitude, pela sequência de jogos e pela forma estoica como se têm batido. Sem defesa esquerdo, com a expulsão do Borja, entrou o Bruno [Rodrigues] que é um miúdo e um excelente jogador e teve de entrar. Fizemos um jogo absolutamente fantástico sob dois prismas. Primeiro aos 30 minutos fizemos o 3-0, mandámos uma bola à barra, num jogo muito bom e de grande qualidade. Depois um jogo diferente após ficarmos com dez, a equipa do FC Porto obrigou-nos a vestir o fato-macaco, cerrar linhas e ser estoicos”, começou por referir na zona de entrevistas rápidas da TVI.

“Época de afirmação do Sp. Braga? Percebo a pergunta mas isso para mim é irrelevante, sinceramente. Preparei um jogo, como preparamos todos para vencer. Estamos focados no próximo jogo, menos no destino mas mais no caminho. Há assimetrias evidentes, não vamos pôr-nos em pé de igualdade com equipas de argumentos diferentes dos nossos. Fomos obrigados a socorrer-nos de cinco jovens nos últimos dois jogos. Tenho uma equipa e jogadores de grande carácter. Temos uma ideia de jogo que os jogadores entendem e desfrutam, é esse o nosso caminho. O dossiê Taça está fechado e vamos concentrar-nos no dérbi com o V. Guimarães”, acrescentou.

Mais tarde, e destacando mais uma vez a atitude dos jogadores, a entrega de Raul Silva e Lucas Piazon estando em zonas menos habituais no terreno de jogo e a utilização de jovens que tem feito nos últimos encontros, Carvalhal falou da forma como preparou o encontro no Dragão deixando a análise para outros com ironia à mistura.

“Há aqui dois jogos dentro do mesmo. Fizemos um jogo brilhante, marcámos três golos e tivemos uma bola na barra. Fizemos uma exibição realmente boa a jogar no campo todo e estávamos a justificar o que estávamos a ter. Depois, respondemos a outro problema. Primeiro tínhamos de marcar, marcámos; depois com menos um tínhamos de defender o resultado, defendemos. Preparámos o jogo a pensar em duas formas de o FC Porto jogar. Não íamos acertar como o Sérgio [Conceição] ia jogar, esperávamos as duas formas e fizemos o nosso jogo. Não quero estar aqui a abrir muito o livro sobre o que idealizámos. Abrimos o campo, circulámos, fomos por dentro e por fora, fizemos o que temos vindo a fazer. Não tenho falado muito da minha forma de jogar e prefiro que continue assim. O Sp. Braga é pouco analisado mas temos tantos analistas, deixo isso para eles… O treinador do Sp. Braga não vai dar dicas sobre a forma de jogar da sua equipa”, concluiu o treinador dos arsenalistas.