A Jerónimo Martins deverá investir “à volta dos 15 a 20 milhões de euros” na área do negócio agroalimentar este ano, afirmou esta quinta-feira a responsável financeira (CFO) do grupo, Ana Luísa Virgínia.

A responsável falava na conferência de imprensa de apresentação dos resultados da atividade do grupo em 2020, que decorreu este ano por videoconferência.

Questionada sobre o investimento realizado até ao momento na área do agroalimentar, a CFO adiantou que “em termos acumulados” o valor ronda os “120 milhões de euros”, considerando a totalidade dos negócios, quer os laticínios, quer na área dos bovinos e da aquacultura.

Entre os novos negócios estão a produção de 150 toneladas de laranjas biológicas em Ferreira do Alentejo e a aposta que vai arrancar com borrego biológico no Fundão, ambos com parceiros locais.

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Para este ano, “estaremos a falar de um investimento à volta dos 15 a 20 milhões de euros”, acrescentou a responsável financeira.

O grupo tem um projeto em Vila Real de Santo António, no Algarve, para o qual já foi licenciado.

“Vamos ter produção de aquacultura na costa do Algarve, na costa leste de Marrocos, na Madeira e vamos continuar com a produção que temos no Alentejo, se nos forem dadas mais licenças, seria a do salmão na zona de Aveiro”, afirmou o presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, na conferência de imprensa.

O robalo, a corvina e a dourada são o pescado escolhido para ser desenvolvido na produção de aquacultura.

Questionado sobre como está a perspetivar as vendas em Portugal, o presidente da dona do Pingo Doce disse não prever “grandes aumentos” no mercado português.

“Não estou a prever grandes aumentos de vendas em Portugal, até porque eu sinto que o consumidor português está cada vez mais em dificuldade, prevejo que vai haver uma estagnação no consumo e na alteração dos produtos que estão a consumir”, considerou, apontando que procuram produtos de primeira necessidade e em promoção.

Sobre os prémios aos trabalhadores, Pedro Soares dos Santos disse que a política é para manter.

“No ano passado, gastámos 189 milhões de euros a pagar em prémios e este ano vai na mesma linha”, afirmou, quando questionado sobre o assunto.

Vamos continuar a premiar as pessoas que trabalham connosco porque merecem”, sublinhou o gestor.

Quanto aos investimentos, que no ano passado tiveram uma revisão em baixa para os 450 milhões de euros, dado o período “muito atípico”, este ano são de 700 milhões de euros, mas Pedro Soares dos Santos garante que o grupo vai ser muito “criterioso” na sua aplicação.

Quanto às multas (duas na Polónia e uma em Portugal) aplicadas no ano passado ao grupo, Pedro Soares dos Santos disse não aceitar “os argumentos das autoridades, quer em Portugal, quer na Polónia”, pelo que irá recorrer “aos tribunais, que é o lugar certo para discutir este assunto”.

O consumidor polaco é um consumidor astuto, tal como o português, sabe como procurar as melhores oportunidades, eu não acredito que boas empresas que são líderes, quer em Portugal quer na Polónia, possam a andar enganar os clientes”, afirmou o presidente da Jerónimo Martins.

Em dezembro, a Autoridade Concorrência (AdC) multou o Pingo Doce em 91 milhões de euros por concertação de preços.

Na Polónia, a Biedronka foi multada em 26 milhões de euros por “apresentação incorreta de preços” e em 160 milhões de euros por alegado abuso de poder negocial em relações comerciais com fornecedores.

“Acredito nos argumentos que temos, estou muito confiante de que vão ser validados em tribunal, quer em Portugal quer na Polónia”, disse o presidente.

Relativamente aos fornecedores, salientou que o grupo tem uma “relação há muitos anos”, rematando: “Nós não violamos a lei, quer em Portugal quer na Polónia”.