Alegados intermediários na compra de vacinas contra a Covid-19 terão oferecido, aos governos da União Europeia, cerca de mil milhões de vacinas no valor de 14 mil milhões de euros, revelou o Gabinete Anti-Fraude Europeu (OLAF) à Reuters. As farmacêuticas, por sua vez, insistem que só vendem diretamente aos governos — sem recorrer a estes intermediários —, disse Ville Itala, diretor do OLAF.

Nestes negócios, os alegados intermediários pedem que o dinheiro seja pago adiantado, mas não fornecem dados sobre a entrega das vacinas. A maior parte destas vacinas nem sequer existem, outras são de empresas reconhecidas, mas vendidas a preços muito mais altos. O diretor do OLAF diz não ter conhecimento de nenhum governo que tenha caído nestes esquemas.

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Uma das vacinas mais frequentemente oferecida nestes negócios paralelos é a da AstraZeneca, mas a farmacêutica diz que só negoceia diretamente com os governos, noticiou o New York Times. O que não impede, porém, que os países as vendam a terceiros. O jornal norte-americano refere que houve contactos com governos da Alemanha, Finlândia e Grécia, por exemplo.

A República Checa diz que já recebeu duas ofertas deste tipo no espaço de um mês, uma do Dubai, outra dos Emirados Árabes Unidos, noticia o jornal El País. As vacinas oferecidas, caso sejam reais, podem estar a ser produzidas no Instituto Serum (Índia), que está a fabricar uma vacina genérica para a AstraZeneca.

Os casos fraudulentos que o OLAF está a investigar estão relacionados tanto com criminosos profissionais como oportunistas individuais, ligados a uma rede de intermediários, normalmente com origem fora da União Europeia. Ville Itala diz que não foi registada a existência de vacinas contrafeitas, mas o mais certo é que também venha a acontecer.

Os prejuízos financeiros para os Estados são, naturalmente, um problema, mas Ville Itala defende que é ainda mais importante prevenir estes crimes para que as pessoas mantenham a confiança de que estão a ser vacinadas com vacinas reais.