O exemplo de como o Sporting mudou num ano com a chegada de Rúben Amorim pode também ser confirmado pelas declarações de Frederico Varandas a 5 de março de 2020 e a 4 de março de 2021. Que mudaram. E muito.

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Há um ano, no hall VIP de Alvalade, o presidente leonino subia o elevador desde o piso -2 para uma declaração que não teve direito a perguntas num contexto de apresentação do quarto treinador de uma temporada falhada, entre várias críticas da oposição interna e olhado de lado por ter pago dez milhões de euros por um técnico. Também por isso, e entre os elogios a Rúben Amorim, Varandas deixou “farpas” com vários destinatários, do antecessor Bruno de Carvalho ao Benfica, passando pelas vozes dissonantes no universo verde e branco.

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“Não é apenas um treinador, é acima de tudo o homem escolhido para liderar este projeto desportivo. É o treinador do nosso projeto. Esta contratação não implica um all in financeiro, nunca vamos fazer isso. Isso fez-se há mais de dois anos e passados três meses não se pagava impostos e ia-se à conta reserva para pagar salários. Há uma mudança estratégica, um novo paradigma no futebol. O orçamento foi decidido há meses, o orçamento não vai aumentar nem um cêntimo, o que altera é a alocação das verbas desse mesmo orçamento. Podemos discutir se é muito ou se é pouco, para nós o Rúben Amorim vai potenciar e criar valor. Às vezes o que é barato sai caro mas o aparentemente caro pode sair barato. O meu critério é a competência”, salientou nessa altura.

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Um ano depois, a teoria bateu certo com a prática. E essa diferença foi evidente num outro ponto: falou apenas do anúncio, das qualidades do técnico e do projeto, passando ao lado de tudo o resto. “Enquanto presidente do Sporting estou muito feliz, porque é um dia feliz para o Sporting. O que nos fez estar aqui há um ano a assinar contrato com este treinador são as mesmas coisas que nos levam a redobrar a confiança nas mesmas pessoas. O treinador Rúben Amorim é um treinador brilhante, leal e um homem com princípios. Estas qualidades são para nós muito importantes, ainda para mais num treinador que lida com jovens, miúdos que ainda não estão formados como homens. É extremamente importante ter um treinador que dá o exemplo como ele dá. É um dia muito feliz para o Sporting e estou convicto de que este é o homem certo para continuar a fazer este clube crescer e ser mais competitivo”, afirmou Frederico Varandas à Sporting TV após o anúncio da renovação de contrato.

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No entanto, se a questão da oposição interna e do propalado interesse do Benfica em Amorim fazem parte de um passado não muito longínquo com um ano, existe uma outra prioridade paralela no discurso: evitar que se façam festas antecipadas, numa mensagem que já tinha sido partilhada após a vitória leonina em Barcelos.

“Desde o início, e esta é uma das razões porque foi fácil chegar e renovar, existe uma sintonia perfeita entre o presidente, o Hugo Viana e o treinador. Se repararem na nossa linguagem, na nossa comunicação, os objetivos foram sempre claros desde o primeiro dia. Falo como presidente, só posso estar extremamente orgulhoso do meu treinador, da equipa técnica e dos jogadores, pelo que fizeram, mas não altera nada. Tentei ser o mais claro possível após a difícil vitória em Barcelos. Vamos ter vitórias seguramente mas teremos jogos em que não vamos vencer. O que para mim é claro é que estamos a 13 jornadas de acabar o Campeonato”, referiu.

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“Olho e vejo que estamos a dez pontos do lugar que nos garante o acesso à Champions. É extremamente positivo. Falar em festejos, em cerimónias, títulos que já estão ganhos… Quem diz isso, genuinamente, não quer que o Sporting vença. Sabemos o que é preciso, a realidade do Campeonato nacional, a valia e o poderio dos rivais, o quão difíceis que são as equipas e sabemos o caminho que temos pela frente. Se estamos orgulhosos e confiantes? Sim,mas isso não nos desvia e não nos faz tirar os pés da terra”, concluiu Frederico Varandas.