O Chega vai novamente a votos, este sábado, para eleger o presidente do partido e André Ventura é o único candidato ao cargo. Trata-se da segunda eleição em cinco meses e acontece após o líder do Chega ter colocado o lugar à disposição para “devolver a palavra” aos militantes quando ficou atrás de Ana Gomes nas eleições Presidenciais, com 11,90% dos votos.

Agora, em plena pandemia de Covid-19 e em estado de emergência, o Chega volta a dar voz aos militantes. As eleições começam este sábado às 9h00 e terminam às 17h00 e acontecem presencialmente, em mesas de voto físicas. Estão convocados os militantes do Chega que têm as quotas em dia — exceto os que estão suspensos — e há mesas de votos em todos os distritos, 18 em Portugal continental, bem como uma na Madeira e uma nos Açores. As mesas de voto vão estar nas sedes do partido ou em locais que foram reservados para o efeito.

Luís Filipe Graça, presidente da Mesa da Convenção do Chega, está responsável por organizar o ato eleitoral e explica ao Observador que cada mesa terá “no mínimo três pessoas e delegados das listas”, o que leva ao envolvimento de dezenas de pessoas por todo o país.

São “dezenas de milhar” os militantes do Chega que podem ir às urnas escolher o presidente do partido, numa altura em que o partido já conta com “perto de 30 mil militantes”. “Há sempre militantes que não têm as quotas pagas, ou porque se esqueceram e também temos de ver que estamos numa crise económica e, infelizmente, até 1,5 euros por mês faz falta às pessoas”, diz Luís Graça. Apesar disso, o membro do Chega assegura que o partido tem “uma grande quantidade de quotas pagas” e que, por isso, muitos militantes podem ir às urnas este sábado.

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E se a pandemia trouxe “dificuldade” no pagamento de quotas, também “não facilita” na organização de um ato eleitoral. “Temos de ter todos os cuidados, seguir as recomendações da Direção-Geral da Saúde e estar ao abrigo da lei da atividade partidária. Todas as mesas nas sedes seguem as recomendações da DGS, assim como muitos locais que são alugados ou reservados por nós”, explica o presidente da mesa da Convenção.

No final do dia, os resultados serão apresentados por Luís Graça e André Ventura também falará na sede nacional do Chega, em Lisboa. Depois destas eleições e para que a direção escolhida por André Ventura seja aprovada é preciso ser votada na Convenção Nacional.

Além da eleição do presidente, haverá ainda eleições para os delegados à III Convenção Nacional do Chega — que ainda não tem data marcada e aguarda melhorias na situação pandémica — e algumas distritais aproveitam o ato para meter em dia mais eleições, desde a Comissão Política, à mesa distrital e ao Conselho de Jurisdição de cada distrito e ainda a lugares vagos em alguns órgãos locais.

A recandidatura e o objetivo de governar Portugal

Na sessão de apresentação da atual candidatura, no dia 16 de fevereiro, em Portalegre, André Ventura apelou ao voto nas eleições diretas e traçou como objetivo “governar Portugal”, com o intuito de fazer as “mudanças” que o país “efetivamente” precisa.

“Nós devemos estabelecer novos objetivos e eu não tenho medo de vos dizer quais são: Nós devemos querer o Governo de Portugal”, apontou o líder do Chega, que lembrou que nos últimos dois anos o Chega “cresceu” e conseguiu “ameaçar os alicerces” do sistema político montado entre o PS e PSD.

“Nós conseguimos em dois anos tornarmo-nos na terceira força política portuguesa, conseguimos ameaçar os alicerces, afastar todos os outros partidos, o CDS, o Bloco de Esquerda, o PAN e ameaçar os alicerces do sistema montado entre o Partido Socialista e o PSD”, disse, apelando à necessidade de “querer mais” e sem medo de apontar que “o Governo deve ser o objetivo”.

O líder do partido alertou que PS e PSD “nunca” vão efetuar as reformas que o Chega defende para o país e disse que chegou a hora de o partido traçar como objetivo governar para “dar voz à maioria silenciosa”, já que durante muitos anos se governou para uma “minoria ruidosa”. O presidente do Chega desconstruiu a ideia e explicou que está em causa “a maioria que se mata a trabalhar de manhã à noite, à maioria que vê os filhos partir, à maioria que vê Portugal a empobrecer e a ficar atrás da Letónia e da Estónia, à maioria que vê os governantes cada vez mais corruptos e Portugal descer nos índices de corrupção, que vê afastados procuradores, polícias e juízes, é tempo de governar para estes”.

Há exatamente cinco meses, o atual presidente demissionário foi eleito com 99,1% dos votos, após uma demissão em abril de 2020 na sequência de críticas internas devido à votação sobre o estado de emergência. André Ventura, que é presidente do Chega desde o dia 30 de junho de 2019, depois de ter sido eleito na I Convenção Nacional, levou o partido ao Parlamento, onde é deputado único, e deu também a cara nas eleições Presidenciais.