O presidente do PSD, Rui Rio, considerou esta sexta-feira positiva a notícia de que o Presidente da República tenciona acompanhar a utilização dos fundos provenientes da “bazuca” europeia e do Portugal 2030.

“Penso que é importante que o Presidente da República esteja preocupado porque acho que estarão praticamente todos os portugueses preocupados com isso. A forma como o vai fazer poderei concordarei ou discordar”, afirmou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas no Porto.

O semanário Expresso noticiou esta sexta-feira que o chefe de Estado espera do Governo “uma visão mais estrutural e estratégica e mostra querer manter uma vigilância apertada sobre todo o processo” de gestão dos fundos europeus e está a formar a sua equipa para o segundo mandato em função disso.

O social-democrata assinalou, contudo, que esta obrigação recai, sobretudo, no Governo, mas também na Assembleia da República, que tem de escrutinar a atuação do executivo. A preocupação [do PR] parece-me positiva e normal”, insistiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Questionado à margem de uma reunião com o Movimento a Pão e Água, sobre se esta iniciativa pode ser vista como um sinal político de que este mandato vai ser diferente, Rio sublinhou que é preciso ter noção do que se pode pedir a Marcelo Rebelo de Sousa.

“Mas nós estamos num regime semipresidencial, não estamos num regime presidencialista e, portanto, todos nós queremos, penso eu, um Presidente da República mais interventivo, naquilo que são as balizas que se podem estabelecer ao Governo e as exigências, mas depois também não podemos pedir a um Presidente da República de um regime semipresidencial que se comporte como se estivesse num regime presidencial”, advertiu.

Rio acusa Governo de fazer gestão confusa dos apoios e pede estabilidade

O presidente do PSD defendeu esta sexta-feira que são necessários mais apoios para os setores da restauração, comércios, hotelaria e similares, nomeadamente no pagamento das rendas, e acusou o Governo de fazer uma gestão confusa desta matéria.

“É uma confusão. Os apoios não são claros, não são lineares, não são sustentáveis, é uma confusão. Hoje é assim, passado um mês é de outra maneira, depois suspende, depois é 80%, depois é 60%, depois é 100%, portanto, uma confusão enorme. Aquilo que nós entendemos é que os apoios devem ser estáveis, devem ser claros e o mais simplificado possível”, considerou Rui Rio, que falava aos jornalistas no final de uma reunião hoje no Porto com o Movimento a Pão e Água, que reúne empresários daqueles setores.

Entre os assuntos mais relevantes discutidos com os representantes do movimento que se manifesta-se esta tarde junto à Câmara do Porto, o presidente social-democrata destacou o problema das rendas que considera ser uma “bomba”.

“É uma bomba que está ao retardador. Não está nada feito relativamente às rendas, está feito relativamente aos salários, e, portanto, as empresas, em particular os restaurantes, mas também os bares e discotecas tem uma dívida brutal acumulada (…) Portanto, está ali uma bomba ao retardador que tem de ter uma solução”, observou, salientando que em causa estão empresas que “pura e simplesmente” tem a porta fechada por conta da pandemia.

Rio disse ainda que, segundo os empresários, 65% das empresas não recebeu nada do Programa Apoiar. “Estas empresas estão nesta situação, e o Governo tomou a decisão de ainda por cima aumentar o salário mínimo nacional”, lamentou, salientando que é uma situação do ponto vista social é “absolutamente dramática”.

Rio acusou ainda o Governo de António Costa de “ter um tabu” ideológico “absolutamente bacoco” sobre os sócios gerentes que recebem apenas 60% do apoio em lay-off, enquanto, um trabalhador normal recebe 100%.

“Nós entendemos que deve haver mais apoios, e os apoios devem ser estáveis, deve haver talvez menos anúncios e mais trabalho. Se formos ver pelas notícias que o Governo põem de apoios, são milhões e a sociedade pode estar a pensar que os empresários da restauração devem estar a receber muito dinheiro. Nada disso porque uma coisa é o que o Governo anuncia e outra coisa é o que o Governo faz”, rematou.

Aos jornalistas, Tiago Carvalho, do Movimento Pão e Água, disse ter saído da reunião com o presidente do PSD satisfeito, com a esperança de que os sociais-democratas possam exercer a sua influência levar a bom porto as medidas que os empresários consideram necessárias para apoiar os setores da restauração, comercio, hotelaria, eventos, bares e discotecas.