Em 2019, Miguel Oliveira fez o ano de estreia no MotoGP. Em 2020, Miguel Oliveira teve a época de consolidação no MotoGP. Diferenças? Do 17.º lugar passou para a nona posição, dos 33 pontos passou para 125 pontos, de nenhum pódio passou para duas vitórias (algo que apenas Morbidelli e Quartararo conseguiram num ano atípico), de apenas um posto no top 10 em corrida passou para nove ocasiões no top 10 em corrida. Mas isto são apenas números – aquilo que mais mudou foi a capacidade do português rodar entre os melhores e a tendência que os melhores começaram a assumir que passaram a ter na sua roda o português. Pela temporada que fez na Tech3 e pelo salto que ia dar para a equipa de fábrica da KTM, a ambição aumentava mas nem todos colocavam o Falcão na mesma posição em termos de favoritismo, como se percebeu nas declarações de pilotos antes dos testes.

O Falcão no Algarve como chefe de fila da KTM em 2021 não é apenas possível – é mesmo provável

“Na minha opinião, o [Miguel] Oliveira vai ser um candidato ao título, porque no ano passado já venceu duas corridas e este ano está a correr pela equipa de fábrica, por isso vai ser duro”, assumiu Valentino Rossi, experiente piloto italiano (e ídolo do português) que este ano vai rodar na Petronas Yamaha SRT. “Cinco principais favoritos? Não gosto de fazer isto mas vou fazê-lo porque no desporto nunca se sabe, como já o demonstrámos. Muitos vão enganar-se… Então, vou dizer que quem vai estar no top 5 serão Alex Rins, Franco Morbidelli, Marc Márquez, Fabio Quartararo e eu também”, projetou Joan Mir, espanhol que é campeão em título pela Suzuki.

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A temporada de 2021 promete muito e todos os pormenores contam, incluindo alguns que às vezes passam ao lado e que também importam nas contas finais e que neste caso prejudicaram a KTM: Mika Kallio, finlandês que é um dos pilotos de teste da equipa austríaca a par do espanhol Dani Pedrosa, sofreu uma queda com gravidade numa corrida sobre o gelo, fraturou tíbia e perónio e estará ausente cerca de dois meses. “Por vezes um erro estúpido traz-nos consequências dolorosas. Este é o lado oculto das corridas, até para os adeptos”, assumiu numa publicação nas redes sociais onde explicou o sucedido. Esta ausência pode atrasar o desenvolvimento da moto da KTM (pelo menos no plano teórico) mas o primeiro dia de testes correu muito bem ao português.

103 dias depois, Miguel Oliveira regressou com o quinto melhor tempo do primeiro dia de testes em Losail, no Qatar, ficando o registo de 1.55,044 ao longo das 57 voltas realizada. O português foi quase meio segundo mais rápido do que o novo companheiro de equipa, o sul-africano Brad Binder (12.º, 1.55,535), e deixou muito longe Iker Lecuona (22.º, 1.56,920) e a outra cara nova da Tech3, Danilo Petrucci (23.º, 1.56,989). Aleix Espargaró foi o mais rápido do dia pela Aprilia com 1.54,687, seguido pela Honda de Stefan Bradl, pela Suzuki do campeão Joan Mir e pela nova Ducati de Jack Miller. Pol Espargaró, agora na Honda, não entrou no top 10.

“Foi um dia bastante produtivo, de volta à rotina de trabalhar com os mecânicos, de voltar a andar numa MotoGP pela primeira vez desde 23 de novembro. Soube bem voltar a sentir as sensações de pilotar uma moto de MotoGP. A minha KTM hoje esteve bastante bem, não nos concentrámos em nenhum aspeto específico mas simplesmente voltar a tomar contacto com a moto e recuperar sensações. Conseguimos fazê-lo com bastante sucesso e amanhã teremos outro dia para podermos trabalhar um pouco mais e sermos um pouco mais rápidos do que hoje”, comentou Miguel Oliveira à sua assessoria de imprensa após o regresso às pistas.