O presidente da Câmara do Porto Santo, o social-democrata Idalino Vasconcelos, anunciou este domingo que vai terminar a sua carreira política no final do mandato, uma decisão que diz ser “irreversível”. “Saio, no final deste mandato, com a convicção de que agi de forma íntegra, correta, justa e honesta”, afirma o autarca numa declaração escrita que vai enviar hoje ao presidente do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, e tornar pública.

No documento, enviado à agência Lusa, também publicado no matutino Diário de Notícias da Madeira, Idalino Vasconcelos declara: “Vou dar por terminada a minha carreira política, em outubro”. “Esta decisão é irreversível”, disse à Lusa.

O nome de Idalino Vasconcelos consta na lista de recandidaturas divulgada esta semana pelo PSD nacional para as eleições autárquicas que ainda não estão marcadas, em conjunto com os atuais presidentes dos municípios madeirenses de Câmara de Lobos (Pedro Coelho) e da Calheta (Carlos Teles).

Contudo, ao contrário do que aconteceu com os outros dois autarcas, o seu nome ainda não fora confirmado pelo PSD/Madeira, tendo o partido avançado que “ainda é cedo” e que candidatos aos 11 municípios da região serão anunciados depois de uma reunião da comissão política regional.

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“Guardo em mim, aqueles que me ajudaram, mas também guardo para mim, todos aqueles que me prejudicaram ao longo da minha vida política, em especial neste mandato”, vinca Idalino Vasconcelos no documento. O autarca, que celebra hoje 61 anos, complementa: “Fui feliz na entrada e vou ser feliz na saída. Sempre, mas sempre de cabeça erguida”, enfatiza.

Idalino Vasconcelos, um guia intérprete e empresário de turismo, foi eleito nas autárquicas de 2017 com 37,94% dos votos (1.283), tendo o candidato do PS obtido 36,99% (1.251). Há quatro anos, apesar de ter reconquistado o município de Porto Santo, o PSD não conseguiu garantir a maioria absoluta naquela pequena ilha onde residem cerca de 5.000 pessoas, tendo ficado com dois vereadores, os mesmos que o PS. O Movimento Mais Porto Santo ficou com um representante. Idalino Vasconcelos substituiu o advogado socialista Filipe Menezes na presidência, que pretendia renovar o mandato.

“Tenho, ainda, plena consciência que em política, o reconhecimento não é imediato”, adianta o atual responsável do município porto-santense na declaração, complementando ter a certeza de que “com pouco” a sua equipa “fez muito”. Admite que “adiaram algumas situações que podiam ter feito melhor”, mas a sua equipa sempre fez “um trabalho digno”. “No entanto, tenho consciência de que a população não compreendeu o nosso trabalho e as medidas tomadas”, salienta, considerando que “houve incompreensão” e o trabalho da vereação foi afetado pelo “desgaste da pandemia” e de “outros fatores, que não dependeram diretamente” do executivo camarário.

Idalino Vasconcelos opina que existiu também “longo do mandato, permanentemente, uma intoxicação da opinião pública, por vários atores, que contaminou severamente a perceção do trabalho”, efetuado, “trazendo muita poeira e ruído que prejudicou claramente o exercício do mandato”. “Tenho a convicção de que dei e demos o nosso melhor, mas também posso afirmar que nunca senti o apoio necessário, em vários níveis”, sublinha.

O responsável enfatiza que ainda “houve algumas personalidades afetas ao partido que não ajudaram em nada” e “foram mais oposição interna que a própria oposição tradicional”, porque “optaram por criticar silenciosamente, minando a própria opinião pública”. “Alguns militantes e simpatizantes, por fatores que não são totalmente claros, nunca reconheceram em mim a capacidade de liderar, apesar de todas as medidas que tomadas”, opina.

O responsável assegura que “foi humanamente impossível fazer mais ou melhor com os recursos à disposição”, indicando que engoliu “sapos bem verdes” por acreditar que “havia boa vontade, o que nem sempre houve”. “O meu trabalho está feito. Há mais vida para além da política e de presidente da Câmara”, observa, enunciado as várias medidas e políticas adotadas, com destaque para a redução da dívida do município.

Idalino Vasconcelos conclui: “Estou de saída com a consciência de missão cumprida” e “certo que o PSD irá encontrar as melhores soluções, para o Porto Santo”.