A primeira mão em Porto Alegre, mesmo jogada com menos um na última meia hora, já tinha demonstrado um Palmeiras mais forte do que o Grémio e a ganhar por 1-0. O segundo encontro, no Allianz Parque em São Paulo, acabou com qualquer dúvida que pudesse ainda existir: novo triunfo, agora por 2-0. Em apenas quatro meses e num total de 37 encontros, Abel Ferreira ganhou o segundo troféu descrito pelas redes sociais do clube como “a conquista de todos os Estados do Brasil depois da conquista de toda a América do Sul”. E fez história.

Chegou, viu e venceu (outra vez): Abel conquista Taça do Brasil e soma segundo troféu pelo Palmeiras em quatro meses

No clube, o treinador português tornou-se apenas o terceiro a ganhar mais do que um título este século pelo Verdão juntando-se a Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo – e com possibilidade de superar essa marca já em abril, quando discutir a Supertaça Sul-Americana com os argentinos do Defensa y Justicia. No Brasil, Abel passou a ser o primeiro técnico estrangeiro a vencer a Taça do Brasil, tendo existido só outro que conseguiu também ir à fase de decisões sem conseguir ganhar: o colombiano Reinaldo Rueda, que perdeu pelo Flamengo com o Cruzeiro.

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No final, houve um pouco de tudo: muita festa com os telemóveis no ar (uma “praga” nos dias que correm), alguns jogadores de óculos escuros e chapéus, todos a dançar. Para Abel, essa fase nem começou da melhor forma, com o técnico a queixar-se das costas depois de um apertado abraço de Gabriel Menino a gritar “Ai, ai, ai” agarrado às costas entre muitos sorrisos. E também não acabou melhor, com o habitual banho na conferência de imprensa sem elemento surpresa e com água mesmo fria, como se percebeu na reação do treinador. Pelo meio, uma relação que se percebe que é muito próxima entre jogadores e técnico, cada vez mais reconhecido pelo próprio clube que este domingo, além da habitual alcunha de “Professor”, catalogou também Abel de “Patrão”.

“A forma que eu tenho de compensar as saudades que tenho da minha família é com estes filhos que arranjei aqui… Trabalho, organização, capacidade, talento e estrutura: foram estas palavras que me fizeram aceitar o convite do Palmeiras. Ninguém é campeão antes de o ser mas eu queria muito ganhar. Os melhores treinadores do mundo dizem que, para ser campeão, precisamos de boa matéria prima, uma estrutura forte e adeptos. O Palmeiras tem tudo”, comentou o técnico em entrevista à SporTV no final da partida, antes de fazer um balanço da aposta.

“Foi um risco, sim, mas quem não arrisca não petisca. E eu acertei. Não atravessei o Atlântico para passar férias, vim para ganhar troféus. Queria agradecer aos nossos jogadores, porque fomos muito criticados no Mundial e tivemos a capacidade de dar a volta por cima e seguir em frente. Entendemos que aprendemos em todos os momentos, quando ganhamos e quando perdemos”, acrescentou o treinador português, que na conferência de imprensa revelou que virá agora a Portugal e estará de regresso no dia 19 ao Brasil, falhando assim alguns jogos a contar para o Campeonato Paulista que… já teve início ainda antes do final da temporada anterior. Em paralelo, Abel reforçou também a necessidade de ter alguns reforços para poder fazer evoluir ainda mais a equipa em 2021.

“Se ficarmos iguais, vamos parar. Para mim, o grande segredo do sucesso é no momento em que se ganha perceber o que se tem de melhorar e continuar a investir para continuar a crescer. Não é esperar que as coisas corram mal para trocar. A partir de agora, passámos a ser um alvo. Toda a gente nos vai querer ganhar. Digo já com toda sinceridade: vai ser muito difícil repetir outra temporada como esta. O que vamos fazer é criar condições para que a equipa continue a crescer, só assim conseguiremos manter-nos no topo. Agora vamos todos ter folga, é justo, mas vamos continuar competitivos. Vamos dividir todos, fizemos uma planificação muito bem feita e vamos revezar-nos. Tenho que ir a Portugal, não há outra forma. Acho que é merecido. A nossa equipa técnica também se vai dividir. O interesse do clube vai estar sempre acima dos individuais mas temos que fazer aqui alternadamente uma pausa. Tenho que atravessar o Atlântico, carregar energias e voltar”, assumiu.