Inaugurado em 1947 e projeto pelo arquiteto Artur Andrade, o Cinema Batalha, situado na praça homónimo, está prestes a ter uma nova vida. Propriedade da empresa Neves & Pascaud, o imóvel foi sala de cinema até 2000, altura em que foi encerrado. Manteve-se fechado até 2006, quando reabriu como espaço cultural pelas mãos da Associação de Comerciantes do Porto (ACP). No fim de dezembro de 2010, a ACP acabaria por entregar as chaves do edifício devido a “prejuízos mensais avultados”. Dois anos depois, é classificado como Monumento de Interesse Público. Em janeiro de 2017 a Câmara Municipal do Porto assume a gestão do Batalha por 25 anos e no final do passado mês de outubro o Tribunal de Contas dá luz verde para a sua reabilitação, uma empreitada orçada em 3,95 milhões de euros.

Cinema Batalha: a ruína antes da mudança que toda a gente quer ver

O Batalha arrancou as obras de reabilitação, comandada pelos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, em novembro de 2019, no final deste ano o edifício estará pronto, abrindo portas ao público a funcionar na plenitude em fevereiro de 2022.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Guilherme Blanc, diretor artístico do projeto, levantou esta segunda-feira o véu das linhas programáticas do novo Batalha, cujo nome será agora Batalha Centro do Cinema. “A ideia é criar um centro cultural para o cinema”, começa por dizer, acrescentando que a programação é “ambiciosa” e “original a nível internacional”. Dela fazem parte exibições de cinema analógico e digital, ciclos temáticos, debates, exposições, performances, focos sobre cineastas e artistas contemporâneos, monografias e parcerias com agentes e programadores da cidade, mas também com coletivos internacionais. Segundo o diretor artístico, que já coordenou projetos como a Cultura em Expansão ou a Feira do Livro, a intenção do novo Batalha é envolver a comunidade, cruzando vários públicos e várias artes, “naquela que será a casa do cinema no Porto”.

O novo conceito do Batalha “não pretende ter a missão exclusiva de programar cinema histórico, ou dedicar-se a estreias de filmes que entram no circuito comercial, mas antes propor uma programação que estimule o conhecimento e fruição cultural através das múltiplas formas de fazer e pensar o cinema”. A estratégia do novo espaço dedicado ao cinema na cidade é “dar a conhecer obras e práticas fílmicas relevantes no cinema, introduzir debates e discursos contemporâneos através das múltiplas possibilidades estéticas e formais do cinema e da imagem em movimento”.

Arquitetónicamente, o Batalha será composto por uma sala grande, com 341 lugares, e uma sala estúdio, no andar superior, com 126 lugares, onde “será explorada a relação com os realizadores da cidade, escolas de cinema e associações”, adianta Guilherme Blanc. O edifício, classificado em 2012 como monumento de interesse público, integrará ainda uma galeria com 65 metros quadrados para receber projetos de artes visuais e um bar/café que será devidamente equipado para receber exibições de filmes, concertos e performances.

Outra das novidades é a biblioteca, com um acervo especializado que pretende ser o epicentro de investigação de cinema no Porto, e a mediateca, com uma cabine de visionamento de acesso de livre.