A Comissão Europeia quer que todas as áreas povoadas da União Europeia (UE) estejam cobertas por redes móveis de quinta geração (5G) até 2030, contra os atuais 14%, objetivo que integra a Bússola Digital da Europa, divulgada esta terça-feira.

O executivo comunitário lançou então uma “Bússola Digital para traduzir em termos concretos as ambições digitais da UE até 2030” e assente em “quatro pontos cardeais”, um dos quais sobre “infraestruturas digitais seguras, eficientes e sustentáveis” e que prevê que “todas as áreas povoadas estejam cobertas por 5G”. Em concreto, Bruxelas pretende que, até 2030, a tecnologia 5G esteja presente em todas as áreas habitadas da UE quando, atualmente, apenas chega aos 14%, segundo a instituição.

Este objetivo surge depois de a Comissão Europeia ter falhado a meta comunitária de ter esta tecnologia em pelo menos uma cidade por Estado-membro até final de 2020, já que, de acordo com o mais recente relatório do Observatório Europeu para o 5G, em dezembro passado esta tecnologia estava presente em 23 dos 27 Estados-membros da UE, mais o Reino Unido. Da lista não constava, porém, Portugal nem Chipre, Lituânia e Malta.

A quinta geração de sistemas de telecomunicações móveis e sem fios permite ligações ultrarrápidas e a conexão de um elevado número de dispositivos.

E numa altura em que a tecnologia 5G está bastante mais desenvolvida noutros blocos mundiais (como países asiáticos ou os Estados Unidos), a estratégia digital lançada visa que a UE se venha a tornar “digitalmente soberana num mundo aberto e interligado”, isto enquanto colmata “vulnerabilidades e dependências” do exterior e acelera o investimento.

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Ainda na área das infraestruturas, a Bússola Digital prevê que a produção europeia de semicondutores de ponta e sustentáveis passe a representar 20% do total mundial, que todas as famílias da UE tenham conectividade ‘gigabit’ e ainda que a Europa consiga o seu primeiro computador quântico.

A qualificação dos cidadãos também é mencionada na estratégia, querendo Bruxelas que, até 2030, pelo menos 80% dos adultos obtenham competências digitais básicas, para assim elevar para 20 milhões os especialistas em tecnologias de inovação empregados na UE.

Para as empresas, o executivo comunitário estipula como metas que, também até 2030, três em cada quatro empresas utilizem serviços de computação em nuvem, de grandes dados e de inteligência artificial, que mais de 90% das pequenas e médias empresas possuam requisitos digitais e ainda que se duplique o número de empresas unicórnio (‘startups’ tecnológicas avaliadas em mais de mil milhões de dólares).

O quarto “ponto cardeal” desta Bússola Digital diz respeito à digitalização dos Estados, pretendendo a Comissão Europeia que, até 2030, todos os principais serviços públicos estejam disponíveis ‘online, que todos os cidadãos tenham acesso eletrónico aos seus registos médicos e ainda que 80% das pessoas utilizem soluções de identificação digital.

A estratégia visa, então, uma “transformação digital bem-sucedida da Europa até 2030, fundamental para se conseguir a transição para uma economia neutra em termos climáticos, circular e resistente”, argumenta a instituição.

Para atingir tais metas, Bruxelas adianta que “facilitará o rápido lançamento de projetos entre vários países, combinando investimentos do orçamento da UE, dos Estados-membros e da indústria, com base no Mecanismo de Recuperação e Resiliência e outros financiamentos da UE”.

Este mecanismo é o principal instrumento do Fundo de Recuperação criado para combater a crise da Covid-19 e que obriga à alocação de pelo menos 20% das verbas de cada país à área digital.