A Agência Europeia do Medicamento (EMA) ainda não autorizou a distribuição da vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, mas o chefe do Fundo Russo de Investimento, Kirill Dmitriev, garantiu esta terça-feira já ter acordos para que ela seja produzida em Itália, Espanha, França e na Alemanha. Aliás, segundo a Câmara de Comércio Itália-Rússia, em Itália a produção desta vacina começa já em julho.

“A vacina será produzida a partir de julho de 2021 nas fábricas da (farmacêutica italiana e suíça) Adienne, na Lombardia, em Caponago, perto de Monza”, no norte da Itália, disse o assessor de imprensa do presidente da Câmara de Comércio, Stefano Maggi, à agência de notícias francesa AFP, citada pela Lusa.

Serão produzidas dez milhões de doses entre 01 de julho e 01 de janeiro de 2022″, adiantou, sublinhando que se trata do “primeiro acordo a nível europeu para a produção no território da União Europeia (UE) da vacina Sputnik”.

Pouco depois do acordo anunciado pela Câmara do Comércio, o chefe do Fundo Russo de Investimento, Kirill Dmitriev, segundo o La Vanguardia, anunciava em declarações ao canal público russo Rossiya 24 que existem já acordos com locais de produção em Itália, Espanha, França e na Alemanha — apesar de o Governo espanhol garantir não ter conhecimento de qualquer acordo.

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A Sputnik V ainda não está autorizada na União Europeia, mas na semana passada atingiu um marco importante para a sua distribuição na região, com o início do processo de análise pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

Covid-19. Agência Europeia Medicamento inicia análise da vacina russa Sputnik V

Após o anúncio da EMA, as autoridades russas disseram que estavam prontas para fornecer vacinas a 50 milhões de europeus a partir de junho.

Argumentando que já foi autorizada em 46 países, o fundo soberano russo proprietário da vacina criticou terça-feira, novamente, a EMA por ter “adiado durante meses” o processo de autorização da Sputnik V.

A Rússia também criticou também, esta terça-feira, as declarações de uma responsável da EMA, que comparou a autorização com caráter de urgência da vacina Sputnik V em alguns países europeus com a “roleta russa”.

Impacientes face a processos de autorização considerados demasiado lentos, alguns países da UE voltaram-se para vacinas ainda não aprovadas, como fez a Hungria, que começou a administrar a vacina russa na sua população no mês passado. A República Checa e a Eslováquia também fizeram pedidos à Rússia.

“Se a vacina não for autorizada na Europa até 01 de julho de 2021, as doses produzidas serão compradas de volta pelo fundo soberano russo e distribuídas em países onde a Sputnik V já está autorizada”, disse Stefano Maggi.

Recebida pela primeira vez com ceticismo no Ocidente, a primeira vacina russa contra a Covid-19 convenceu depois os especialistas, especialmente após a publicação de resultados na revista especializada The Lancet, segundo os quais a eficácia Sputnik V é de 91,6% contra as formas sintomáticas da doença.

Por enquanto, estão autorizadas na União Europeia três vacinas: a da Pfizer-BioNTech, a da Moderna e a da AstraZeneca. Uma quarta, da Johnson & Johnson, foi submetida a um pedido de autorização. Além da Sputnik V, duas outras vacinas, da Novavax e da CureVac, estão sob análise.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.588.597 mortos no mundo, resultantes de mais de 116,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

(Artigo atualizado com as declarações do chefe do Fundo Russo de Investimento, Kirill Dmitriev)