Os ataques a estafetas que trabalham para empresas de entregas do domicílio, como a Glovo e Uber Eats, estão a aumentar, refere o Jornal de Notícias (notícia para assinantes) com base no testemunho de mais de 30 destes trabalhadores, que relataram situações de violência e roubo e se queixaram da falta de apoio das plataformas.

Um caso remonta ao verão do ano passado. Durante os meses de junho e julho, dois homens cometeram dez roubos contra estafetas no Barreiro. O esquema consistia em encomendar comida e, à chegada dos entregadores, ameaçá-los com uma faca encostada ao pescoço e exigir-lhes bens e dinheiro. Os assaltantes, acusados em dezembro passado pelo Ministério Público, encontram-se atualmente em prisão preventiva.

O aumento da criminalidade dirigida a estafetas, que coincide com uma maior procura destes serviços devido à Covid-19, levou inclusivamente as plataformas a suspenderam as entregas em bairros considerados problemáticos, como o da Pasteleira Nova e o do Cerco, no Porto. De acordo com o Jornal de Notícias, as entregas na Cova da Moura, na Amadora, são feitas à porta da esquadra da PSP para evitar roubos.

Apesar destes cuidados, os trabalhadores garantem que existe uma pressão para que as entregas sejam feitas na mesma nesses locais. “Quem recusa entregar a encomenda corre o risco de ser banido da aplicação”, disse ao mesmo jornal um destes estafetas, lamentando que, em caso de roubo, o prejuízo seja “sempre assumido” pelo trabalhador.

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Em declarações ao Jornal de Notícias, Glovo e Uber Eats garantiram que a segurança dos estafetas é sempre uma “prioridade” e descreveram as ferramentas que se encontram à sua disposição em caso de acidente ou de roubo.

No caso da primeira, o diretor-geral, Ricardo Batista, garantiu que os trabalhadores são ressarcidos “sempre que são afetados no decurso das entregas que fazem” e que existe “permanente contacto com as autoridades”. Segundo o responsável, os estafetas têm disponível “uma apólice de seguro adicional, sem custos, cuja cobertura inclui, entre outros riscos, lesões que possam ocorrer durante as entregas que fazem, bem como o reembolso de despesas médicas, se necessário”.

A Uber Eats referiu também a existência de “um seguro de proteção cujo custo é assegurado pela Uber, podem cancelar livremente uma entrega por razões de segurança e têm uma aplicação que foi desenhada para assegurar que todos os parceiros podem beneficiar de várias funcionalidades”. Uma destas é a “Law Enforcement Response Team”, uma “equipa de ex-profissionais de forças de segurança que colabora com as autoridades na investigação e resposta a incidentes”, explicou a empresa.