O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deve testemunhar em 27 de maio perante um juiz em Brasília num dos processos abertos contra si por suspeita de corrupção, informaram esta terça-feira fontes oficiais.

O anúncio de um novo julgamento ocorre um dia depois de um magistrado do Supremo Tribunal Federal ter anulado todas as sentenças contra o ex-presidente por suposta corrupção, no âmbito da operação Lava Jato.

O magistrado Frederico Botelho, desembargador substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, intimou o ex-presidente para interrogatório, num processo em que é acusado de tráfico de influência, branqueamento de capitais e organização criminosa.

Segundo o Ministério Público, Lula da Silva usou a sua influência para que o Governo de Dilma Rousseff (2011-2016), sua sucessora na Presidência brasileira, adjudicasse à empresa sueca Saab uma licitação para a compra de 36 aviões caças modelo Gripen.

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Os alegados crimes teriam sido cometidos entre 2013 e 2015, quando Lula já não era presidente do Brasil nem estava ligado ao Governo.

Luis Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente, também aparece como réu neste processo.

Lula já tinha sido intimado a depor em 2019, mas a sua comparência foi adiada para que fossem recolhidos depoimentos no exterior, inclusive dos ex-presidentes franceses Nicolas Sarkozy e François Hollande, segundo o jornal Folha de São Paulo.

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) ainda acumula diversos processos criminais na Justiça, mas na segunda-feira o juiz Edson Fachin, um dos 11 que compõem a instância máxima da Justiça do país, decidiu anular quatro processos contra ele.

Em dois dos quatro casos anulados, Lula da Silva já tinha sido condenado a penas de prisão que, somadas, chegavam a cerca de 26 anos.

Lula da Silva passou 580 dias na prisão entre 2018 e 2019, embora tenha sido libertado posteriormente devido a uma mudança na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

O juiz Fachin baseou a sua decisão num “erro processual”, pois, na sua opinião, o tribunal de Curitiba, comandado pelo então juiz Sergio Moro, que concentrou os processos Lava Jato na primeira instância, não tinha jurisdição para analisar os casos do ex-presidente.

Os processos anulados agora vão voltar ao ponto de partida e serão analisados pela Justiça Federal em Brasília.