Dez polícias ficaram feridos e seis pessoas foram detidas na terça-feira à noite na sequência de confrontos durante um protesto que juntou milhares de pessoas nos arredores de Atenas contra “abusos policiais”, disseram esta quarta-feira as autoridades.

Entre os polícias feridos, três tiveram de permanecer hospitalizados, de acordo com o comunicado oficial. Um dos três feridos que se encontram internados no hospital ficou gravemente ferido na cabeça mas “não corre perigo”, disse à France-Presse um porta-voz da polícia. De acordo com imagens que foram transmitidas pela televisão, os manifestantes derrubaram o agente que conduzia um motociclo.

Cerca de cinco mil pessoas manifestaram-se na noite de terça-feira em Néa Smyrni, arredores de Atenas, contra uma “intervenção musculada” da polícia ocorrida no passado domingo. Imagens que foram transmitidas através das redes sociais mostram um jovem a ser violentamente agredido por golpes de matraca de um polícia durante uma operação de vigilância no quadro das medidas de confinamento contra a pandemia de Covid-19.

O incidente de domingo provocou polémica, tendo a Procuradoria iniciado uma investigação. Foi ainda instaurado um processo interno de averiguações no corpo de polícia.

De acordo com um fotógrafo da France-Presse, os confrontos de terça-feira à noite começaram durante uma marcha com cerca de 200 pessoas que se dirigia para o posto de polícia do bairro de Nea Smyrni.

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Os manifestantes lançaram pedras e bombas incendiárias de fabrico artesanal, engenhos conhecidos como “cocktails molotov”, contra o posto policial tendo as forças da ordem respondido com disparos de granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água. Os “cocktails molotov” atirados pelos manifestantes provocaram focos de incêndio que obrigaram à intervenção dos bombeiros. Segundo a polícia, uma dezena de automóveis foram vandalizados. 

Seis pessoas foram detidas e vão ser levadas quarta-feira perante um juiz em Atenas. Segundo o mesmo comunicado da polícia, o grupo foi acusado de “tentativa de morte, lesões corporais grandes, violência, perturbação da ordem pública e incêndio criminoso”.

A oposição de esquerda, jornalistas e advogados têm denunciado, nos últimos meses, uma série de “casos de repressão policial” sob o pretexto de controlo das medidas de confinamento.

A Grécia enfrenta o quinto mês consecutivo de confinamento para travar a segunda vaga da pandemia de SARS-CoV-2 que já fez mais de 6.500 mortos no país, tendo-se registado um aumento de óbitos pela doença a partir do final de novembro de 2020. A pandemia de Covid-19 já provocou, pelo menos, 2.611.162 mortos no mundo, resultantes de mais de 117,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.